Especial: Por dentro de Cave Story

É difícil falar sobre Cave Story por um simples motivo: a descoberta do jogo é uma das suas partes mais prazerosas. Começar a jogar este ... (por Bruno Grisci em 17/11/2011, via Nintendo Blast)

Huzzah!!!É difícil falar sobre Cave Story por um simples motivo: a descoberta do jogo é uma das suas partes mais prazerosas. Começar a jogar este game sem saber praticamente nenhum detalhe faz parte da experiência. Por esse motivo, não haverá nenhum spoiler ou equivalente neste artigo. Se mesmo assim preferir seguir a sugestão, pule para o final do texto, jogue o game e depois volte. Aos que ficaram, boa leitura.

O que é Cave Story?

Cave Story é um jogo de ação de pular e atirar.

Explore as cavernas até você alcançar o final.

Você pode também salvar seu jogo e continuar de onde parou.

- Descrição do autor para o game

Esta descrição é tão humilde que beira a paródia. Jogue agora, ria depois.

- Studio Pixel Fan Page

Balrog é um personagem recorrente na aventura, e foi inspirado numa barra de sabão.Se vocês leram o que foi escrito na introdução e as citações acima, começarão a entender porque disse que a descoberta faz parte do jogo. E não digo “descoberta” no sentido de “exploração” (que também está presente, diga-se de passagem), mas, sim, no significado de descobrir o próprio jogo.

Cave Story é o típico game pelo qual você não dá nada antes de jogar, especialmente se considerarmos a versão original para PC, lançada gratuitamente para download. Os gráficos 2D são totalmente pixelados e não possuem muitos detalhes, o que infelizmente desagrada muita gente (outros podem considerar como um traço artístico, mas essa discussão não cabe aqui), e você simplesmente é jogado numa caverna, sem nenhuma explicação, controlando um personagem com amnésia. A falta de memória do dele, aliás, reflete muito bem a sua situação no começo.

Imagine o tamanho do omelete.Não demora para entender a simples mecânica desse mundo cavernoso, que, segundo o criador, foi inspirado em games antigos como a série Metroid. Você pode andar, pular e atirar. Ao longo da jornada, encontrará diversas armas, as quais podem ser atualizadas coletando cristais triangulares liberados pelos inimigos derrotados. Ser atingido, além de custar uma porção de vida, também diminui o nível da arma usada. Outros itens também serão coletados pela aventura, tais como heart containers, que aumentam sua barra de vida.

O enredo do jogo é outro grande ponto, com uma história muito bem definida. Logo no início, nosso herói desmemoriado descobre estar preso num complexo de cavernas, habitado pelos pacíficos mimigas, mas ameaçado pelos planos malignos do Doutor. Vários personagens, diálogos, ambientes, monstros, batalhas contra chefes gigantes, etc., estão presentes. O game, inclusive, conta com três finais diferentes, dependendo das suas ações e escolhas. Conseguir o melhor deles não é uma tarefa fácil, num jogo que já possui fases desafiadoras. Como já disse, deixo para os leitores jogarem e descobrirem por conta própria. Mesmo quem já terminou ainda encontra surpresas quando visita o game novamente, então conteúdo é o que não falta.

Cavernas às vezes são solitárias.

O jogo de um homem só

De certa forma, Cave Story pode ser considerado um precursor do movimento indie da indústria de jogos, que se destacou nesta geração, em especial graças aos serviços de distribuição online tais como Steam, WiiWare, Live, PSN e App Store. De passatempo de um programador de software ao reconhecimento, o game é um ótimo exemplo de que a criação de um bom jogo não exige investimentos milionários e equipes gigantes, mas, sim, criatividade e dedicação.

Daisuke "Pixel" Amaya

Um dos fatos mais impressionante de Cave Story está fora dele: seu criador. O japonês Daisuke Amaya, também conhecido como Pixel, fez o jogo sozinho. Totalmente sozinho, das músicas à arte, das animações à história. Durante cinco anos. Isso mesmo, enquanto ainda era um estudante da faculdade de computação, Daisuke conheceu um colega que sabia fazer jogos e aprendeu com ele. Pelos próximos cinco anos, mesmo depois de ter se formado e começado a trabalhar, ele dedicou seu tempo livre ao desenvolvimento de Cave Story.

Como o próprio conta, ele começou criando a música principal do game (vale a pena pegar a ótima trilha sonora, disponível gratuitamente) e fazendo animações para os personagens, e depois o resto foi sendo montado sem muito planejamento, o que resultou em várias mudanças ao longo do processo de criação, e também explica alguns dos vários easter eggs presentes no game. Em 2004, finalmente, a obra foi lançada, sendo distribuída de graça na internet. Com a tradução (Pixel só fala japonês) para o inglês do Aeon Genesis, e posteriormente para outros idiomas, inclusive português, o jogo ganhou a internet e o mundo.

O DS Lite de Daisuke.Mesmo com a fama alcançada, a vida de Daisuke não mudou muito, e só agora, com o lançamento da nova versão para 3DS, ele pensa em entrar seriamente na indústria de jogos. Indústria essa, aliás, que, segundo o próprio, não acompanha. Uma história interessante sobre isso é que quando o pessoal da Ravenworks, que trabalhava numa versão homebrew do game para DS, descobriu que o último console que Daisuke Amaya possuíra fora um Nintendo 64, eles fizeram questão de o presentear com um DS Lite com os personagens principais do jogo e a mensagem “obrigado” gravados na frente.

Conquistando novas plataformas

Muito bem, então Cave Story parecia ter feito o que tinha que fazer e continuaria como um jogo gratuito para PC. Isto até Tyrone Rodriguez, produtor do estúdio norte-americano Nicalis, perguntar a um amigo sobre bons freeware games e ele ser apresentado ao jogo. Para Tyrone, bastaram quinze minutos para perceber que há algo de mágico no game e se perguntar porque nenhuma companhia havia se interessado nele. A Nicalis prontamente entrou em contato com Daisuke e com a Nintendo, e assim começou o projeto de trazer Cave Story para o WiiWare, lançado em 2010.

Entrevista com Daisuke e Tyrone.

A nova versão teve todas as artworks e músicas refeitas, mas com a opção de jogar com as originais também. A resolução e taxa de frames, que segundo Pixel era baixa porque o jogo deveria rodar em qualquer computador da época, também foi atualizada para o Wii, o que possibilitou a adição de muitos mais detalhes no design das fases e dos personagens.

Essa nova versão também acrescentou uma nova fase criada por Pixel, a “Wind Fortress”, o modo Boss Rush no qual você enfrenta os chefões em sequência, além de outras novidades. Para Tyrone e Daisuke, a boa recepção da crítica e do público foi importante para mostrar que Cave Story não tem apelo apenas junto aos gamers old-school, que jogaram Castlevania e Metroid na juventude, mas também junto às novas gerações de jogadores. O jogo pode ser baixado no WiiWare por 1200 pontos.

A evolução gráfica do personagem principal.

A Nicalis não parou por aí e alguns meses depois lançou também uma nova versão de Cave Story para o portátil DSi, que pode ser baixada por 1000 pontos no DSiWare ou por US$9,99 no eShop do 3DS. Neste ano, a versão para WiiWare do jogo recebeu o nome de Cave Story+ e foi lançada na Mac App Store pelos mesmos US$9,99, e logo estará disponível também no Steam pelo mesmo valor.

Cavernas com profundidade

Com tantas revisões do jogo, onde é que ele iria parar? No 3DS, dessa vez como mídia física, com caixinha e tudo. A Nicalis, juntamente com Pixel, refez todo o game do zero, dessa vez utilizando polígonos, adotando um estilo visual 2,5D, ou seja, gráficos 3D com jogabilidade 2D, como visto em títulos como New Super Mario Bros. Wii.

Trailer de Cave Story 3D.

O jogo, em teoria, continua o mesmo de sempre, embora bem diferente das versões anteriores, sejam elas quais forem. As músicas foram refeitas e novas foram adicionadas, os ambientes, embora sejam os mesmos, foram redesenhados, o que algumas vezes prejudica um pouco o design (algumas reclamações quanto a ter ficado muito escuro), e outras proporciona uma nova experiência ao que já conhecemos.

Capa do jogo no 3DS.Um novo modo, chamado “Classic”, foi adicionado, consistindo em jogar com os personagens em seu visual 2D original no ambiente 3D. Além dos extras das outras versões, mais conteúdo foi adicionado, inclusive elementos descartados do período de Beta. Cave Story 3D foi lançado dia 9 de novembro, custando US$39,99. Embora as críticas não tenham sido tão positivas quanto as da versão do WiiWare, continuaram altas e parece haver o consenso de que Cave Story, em qualquer versão, é um grande jogo. Esse lançamento também é o principal responsável por fazer Pixel pensar seriamente em entrar na indústria de jogos, então vamos torcer para que, caso aconteça, outros títulos de qualidade apareçam.

Seja qual plataforma você escolher, PC, Mac, Wii, DSi ou 3DS, não deixe de jogar Cave Story. Para aqueles que quiserem conferir antes, lembrem-se de que a versão original, de 2004, para PCs, ainda está disponível totalmente de graça no site do jogo. A história das cavernas é incrível, podem ter certeza.

Aperte o botão A. Está esperando o que para ir jogar?

Revisão: Rafael Neves


Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


  1. jogo espetacular, tenho pro meu wii,
    quem curte jogos a lá super metroid
    tem que se dar o prazer de botar
    1200 nintendo points no wii e pegar essa maravilha.

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  2. Legal a proposta do nintendo blast de apoiar os criadores de jogos indepentes,isso mesmo ler esse artigo me fez pensar na industria indie e na importancia dela para o resto dos jogos,afinal é dessas empresas que irão surgir os novos desenvolvedores das grandes empresas

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  3. Se o Miyamoto é mestre para muitos, o que dizer desse cara? XD

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  4. Cenários tão lindos, mas limitando andar só na horizontal acaba meio que broxando...

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  5. É bem legal já zerei e é muito divertido

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