Não cheguei a jogar a série Super Mario Land em sua própria época — quando tive um Game Boy, não havia espaço para mais nada além de Pokémon. Só fui conhecer e jogar a série depois que me tornei fã do Wario. Pois é.
Eu já conhecia o personagem, mas foi com o excelente Wario Land 4 (GBA) que tive vontade de conhecer toda a história do personagem mais bizarro da Nintendo. E assim, foi retrocedendo primeiro para Wario Land 3 (GBC) — no qual fiquei irremediavelmente travado e nunca consegui terminar —, depois para Wario Land 2 (GB), e culminando no controverso Wario Land: Super Mario Land 3 (GB). Esse título é interessante pois marca uma das maiores maluquisses, e por que não, o maior plot twist da Nintendo: Wario toma as redeas da série Super Mario Land, convertendo-a em Wario Land. Mas nada disso seria possível sem o grandioso Super Mario Land 2: 6 Golden Coins (GB), em que o vilão faz sua estreia (dessa vez roubando o lugar de Bowser como chefão final).
Eu costumo dizer que Super Mario Land 2 é o equivalente portátil de Super Mario Bros. 3 (NES), assim como Super Mario Land é o equivalente de Super Mario Bros. (NES). A semelhança pode ser vista nas mecânicas, variedade de estágios e power-ups. Na época do Game Boy isso acontecia bastante, e na verdade é o que os jogadores mais queriam: versões "mini" dos clássicos para NES, SNES e N64 com a vantagem de poderem ser transportadas para qualquer lugar (contanto que você tenha pilhas reservas). Foi assim com a série Donkey Kong Land (um dos meus maiores desejos não realizados de infância), que chegou mais perto de ser um clone com algumas modificações de Donkey Kong Country.
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"The Biggest Game Boy Adventure Yet!": Fato. |
Mas apesar das semelhanças com SMB 3, Super Mario Land 2 tinha um brilha próprio. Um brilho quase bizarro. Qual não foi minha surpresa quando finalmente consegui jogá-lo por inteiro e descobri que o Mario não estava ali para salvar uma princesa, como a Daisy (aliás, outro personagem introduzido pela série Super Mario Land), mas sim para retomar o controle das suas terras! Sim, e Mario tinha até um castelo próprio! Wario aproveitou-se da ausência do seu rival durante os eventos de Super Mario Land para transformar Mario's Castle em Wario's Castle e instaurar o caos em Mario Land (sim, esse é o nome das terras de Mario). Outra coisa que me deixou intrigado é que as a propriedade do bigode é como um parque com zonas temáticas que representavam os "mundos" do jogo, como a Pumpkin Zone, Space Zone e até a Macro Zone (que nada mais é que uma casa gigantesca, no melhor estilo "Querida, Encolhi as Crianças"). Como se todas essa bizarrice não bastasse, também existe a Mario Zone, ambientada dentro de um Mario mecânico gigante, cujos chefes finais são Os Três Porquinhos (?!), cada um dentro de suas respectivas casas de palha, madeira e tijolos. Nesse ponto, considero a variedade de localidades de SML2 superior à do hoje clássico padrão de SM3 (planícies, deserto, gelo, céu, etc).
E enquanto Super Mario Bros. 3 apresentava a genial transformação Raccon Mario que o possibilitava voar e planar quando coletava uma Super Leaf, em Super Mario Land 2 era a vez do Bunny Mario alçar voos um pouco mais baixos ao entrar em contato com uma Carrot. O power-up era bem parecido com a Super Leaf, permitindo que Mario suavizasse seus pulos ao pressionar o botão A repetidamente, mas não havia a barra P para ir mais alto e alcançar locais escondidos. Uma coisa que eu curto bastante nos Mario clássicos são os diferentes minigames que aparecem em cada jogo no encerramento das fases. No original temos o hasteamento da bandeira, em SMB 2 temos a Slot Machine com aquela trilha sonora chiclete, em SMB 3 temos outra espécie de Slot Machine na qual é possível conseguir uma boa quantidade de vidas ao pegar três estrelas (além de se arrepiar com a música épica), e assim por diante. Em Super Mario Land 2 essa tradição é mantida: ao terminar a fase, se você conseguir tocar o sino, poderá participar de um bonus valendo vidas e power-ups. Acho uma pena e um desperdício que hoje em dia a Nintendo utilize apenas a bandeira clássica no encerramento das fases.
Na falta de um, tem dois minigames no encerramento das fases.
Conhecer o lado bizarro de Mario, que acabou originando a sua própria versão bizarra, não só me fez ficar mais fã de Wario (e posteriormente, de WarioWare <3) como também da genialidade da Nintendo, e do legado da série Super Mario, que provavelmente é a minha série de videogame favorita de todos os tempos. Super Mario Land 2 é um dos pontos altos de toda a série. Se você ainda não experimentou e tem saudades da época e da sensação que tinha ao jogar Super Mario Bros. 3, corre lá no eShop! Mas prepare-se para conhecer um Mario dono de castelo, que defende com unhas e dentes suas terras, e possui até sua própria réplica mecânica — com um Mario desses, quem precisa de Wario?
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Revisão: Vitor Tibério
Capa: Nívia Costa