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Análise: Captain Toad: Treasure Tracker (3DS) ainda é uma grande aventura mesmo no pequeno console

Com bom uso do efeito 3D e gráficos excelentes, o jogo do pequeno cogumelo mostra que o console portátil da Nintendo ainda pode nos surpreender.


Quando Super Mario 3D World foi lançado para Wii U em 2013, um minigame dentro dele se destacava. As pequenas caixas de quebra-cabeças das aventuras do Capitão Toad eram charmosas e divertidas. As mecânicas exploravam a atração principal do console, o Gamepad, e foi tão bem recebido que ganhou um jogo separado. Capitain Toad: Treasure Tracker chegou em Dezembro de 2014 e se tornou uma das melhores surpresas daquele console.


Potencial de vendas desperdiçado 

O Wii U não vendeu o esperado pela Nintendo, todos nós sabemos. Porém, isso não impediu que ele recebesse grandes títulos que poderiam vender muito. Infelizmente, esse potencial era desperdiçado por conta da pequena base instalada do aparelho. Com o sucesso do Switch, alguns desses jogos foram portados para o novo console, e Capitain Toad foi um deles. O que não se esperava era que o game recebesse também uma versão para o pequeno portátil 3DS. 

Mas como um game de Wii U se comporta dentro de um hardware tão mais simples? Não é a primeira vez que acontece. Yoshi Woolly World e Super Mario Maker se dão muito bem no sistema limitado, mas mesmo assim os jogadores ficaram intrigados e curiosos. Felizmente, o resultado superou qualquer expectativa.


Caixas de puzzles e dioramas


O conceito para a existência do game vem de alguns anos antes de aparecer em Super Mario 3D World. Um dos times de criação da Nintendo apresentou uma ideia de jogo em quebra-cabeças com cenários no formato de diorama. Ao usar os personagens clássicos da série Mario, percebeu-se que a habilidade de pular deixava tudo muito grande, e foi onde surgiu a noção de que o protagonista precisaria ser mais pesado e menos ágil.

Adaptaram a brincadeira para Link, da série Zelda, que rapidamente foi descartado e Toad entrou no lugar. Para justificar o peso e a incapacidade de saltar, o personagem carregaria uma mochila nas costas durante as fases. A escolha de Capitão Toad, que já havia aparecido em Super Mario Galaxy, pareceu óbvia.

Volte aqui com a minha estrela

Em uma das aventuras em busca de tesouros, Capitão Toad e sua companheira Toadette esbarram em uma ave gigante com poderes especiais que rouba uma estrela que acabaram de coletar. Sem querer deixar sua conquista ir embora com o pássaro, a corajosa cogumela a agarra e acaba sendo levada junto. Cabe a Toad resgatá-la enquanto busca por novos itens valiosos. A história se desenrola em capítulos dentro de um livro, sendo três no total. O primeiro é protagonizado pelo Capitão, enquanto o segundo acompanha o resgate do pequeno rapaz por Toadette. Ambos se revezam no terceiro. Cada página representa uma fase e, ao completar todas, um bônus é habilitado.


Em busca de pedras preciosas

Capitão Toad e Toadette precisam coletar as estrelas escondidas em cada estágio, mas a tarefa não é fácil quando não se tem a versatilidade de seus amigos maiores do reino dos cogumelos. O jeito é fazer da forma mais tradicional: coletá-las chegando perto, andando com calma e cautela. A possibilidade de girar, revirar e alterar os ângulos de câmera ajudam a encontrar o caminho mais rápido para o objetivo, porém, como todo caçador de tesouros, os cogumelos não conseguem evitar a procura de ouro e outras pedras preciosas pelos percursos.

Localizar os três diamantes escondidos em cada estágio é ainda mais compensador que chegar ao final. Inclusive, eles são essenciais para se abrir novas páginas. Mesmo que se consiga a estrela, cada novo grupo de fases precisa de um número específico de diamantes para serem desbloqueadas. É possível terminar a aventura sem pegar todos, mas conseguir a maior quantidade de diamantes deve ser uma das prioridades do jogador.

Variedade nas interações

A grande inovação do jogo se encontra em como as fases se comportam e se relacionam com os ângulos. Ao alterar a forma de visão, o mundo se transforma. Buracos escondidos surgem por vários lados. Se encontrar um caminho sem saída, gire um pouco mais a estrutura que a solução aparece rapidamente. Em alguns momentos, é preciso interagir de formas diferentes. Seja apertando algo na tela de toque ou assoprando o microfone para elevar plataformas, o game tenta sempre diversificar o jeito de se atravessar os desafios. 


Se adaptando ao seu estilo de jogar

Além da estrela e diamantes, cada fase possui um objetivo extra que fica escondido e só é informado após o jogador chegar ao fim do estágio. Dessa forma, o game cria diferentes tipos de desafios para diferentes jeitos de jogar. Quer relaxar e chegar ao final da aventura rapidamente? É só percorrer os cenários coletando o objetivo final e alguns extras.

Se após completar a campanha ainda restar vontade de jogar, é possível retornar a lugares já visitados em busca de novos segredos. Se está se sentindo confiante e quer o máximo de dificuldade, concluir as missões extras pode acarretar em muito mais horas de diversão. Caso queira, o jogador pode optar em ir para o próximo estágio somente após completar 100% do anterior, deixando tudo ainda mais desafiador. O game se adapta ao seu estilo, como a maioria dos jogos da Nintendo.


A odisseia da brigada dos Toads

O livro bônus traz as novidades do port. Se antes tínhamos fases baseadas em Super Mario 3D World, agora as extras carregam inspiração nos mundos de Super Mario Odyssey de Nintendo Switch. Além de diferentes, elas são mais atraentes e desafiantes que as da versão original. Achar todos os segredos na pirâmide do Reino da Areia ou se aventurar pelos esgotos de New Donk City a fim de restaurar a energia da cidade funcionam como easter eggs e mais diversão. O ponto negativo fica pela quantidade. São apenas quatro e deixam aquele gostinho de quero mais.

Além dos mundos do game de Switch, Treasure Tracker traz as mesmas desafiantes fases bônus da Toad Brigade. Aqui, Toad parte em resgate de seus companheiros da brigada para, então, ir ao objetivo final. São três amigos espalhados pelos cenários e lhe garanto que não é tarefa fácil encontrá-los. Esses estágios extras são desbloqueados após a campanha principal ser finalizada e requer um número alto de diamantes para acessar. É preciso coletar todos caso queira chegar até o último.

Por fim, atravessar alguns dos cenários sendo perseguido por uma versão mumificada dos personagens no modo Mummy-Me se transforma no desafio definitivo dos pequenos cogumelos. Dedicação e paciência são a chave para concluir o game em sua totalidade.

3D sendo usado de forma útil

Com sua origem em um sistema que fazia uso de duas telas, Capitão Toad: Treasure Tracker se sentiu em casa no 3DS. Como no Wii U, ambas exibem a mesma imagem. A de baixo, com a possibilidade do toque, permite mudar o ângulo com mais precisão, impedir ataques de inimigos e interagir com plataformas e manivelas. A de cima, mais ampla, serve para visualizar melhor as coisas e observar mais detalhes. É nela também que acontece uma das melhores mágicas do jogo, o efeito 3D.

Por ter apenas cenários quadrados e tridimensionais, o 3D do 3DS serve ao jogo assim como aconteceu com Super Mario 3D Land. Poucas vezes o efeito foi utilizado com tanta precisão quanto em Treasure Tracker. Desligar o modo chega a incomodar e faz falta quando se acostuma a usar a profundidade para calcular melhor a distância de quedas e inimigos.


Onde estão os comandos de movimento?

A falta dos comandos de movimento talvez seja a única ressalva, mas não é totalmente ruim. Mexer o gamepad no Wii U resultava em movimentação na fase e, na maioria das vezes, isso mais atrapalhava do que ajudava. Já em estágios onde o game se transforma em um shooter por trilhos, mirar com os sensores era mais fácil e intuitivo. No 3DS, a função ficou totalmente ausente, o que deixa a busca pela câmera perfeita mais tranquila com o uso da tela de toque, os botões de gatilho e os direcionais, mas mirar com os analógicos pode ser frustrante para quem já se acostumou com a praticidade do giroscópio.

Vida longa ao Nintendo 3DS

O visual está deslumbrante no 3DS, que parece disposto a não mostrar sinais da sua idade. Com 7 anos desde seu lançamento, o aparelho surpreende a cada novo jogo que chega. Representando de forma impecável os gráficos da versão original, temos os mesmos cenários, as mesmas animações e efeitos visuais. Claro que sacrifícios visuais precisaram ser feitos, mas nada que comprometa o resultado final.

Sem a versão maior ao lado para comparar, a impressão que temos é que se tratam dos mesmos gráficos em resolução menor. Os detalhes estão todos lá, como os inimigos que comemoram ao lhe acertar e até as belíssimas partículas de gotas de chuva. Ao balançar suas asas, o vilão solta suas penas por todos os lado, e as chamas e respingos de lava nas fases de fogo impressionam pela fluidez e beleza. O carinho com o port foi gigantesco.


Sons que fazem parte dos quebra-cabeças

As músicas são um charme à parte. Dependendo da versão do 3DS utilizada, o som pode soar melhor ou pior, mas em um fone de ouvido tudo funciona como nos game dos consoles mais potentes. Tentar não cantarolar o tema principal por aí depois de jogar é tarefa árdua, pois uma vez que entra na cabeça, dificilmente sai. Os efeitos e trilha sonora são os mesmos vistos na série Mario e, principalmente, no jogo de origem: 3D World. Coletar os itens geram aqueles barulhos altamente satisfatórios, principalmente os diamantes que requerem um pouco mais de trabalho para serem alcançados.

A dublagem dos personagens também são as mesmas dos games atuais de Mario. As carismáticas vozes de Toad e Toadette não servem apenas para serem divertidas, mas também para identificar ações dos personagens. Como algumas vezes não estamos vendo os companheiros de aventura de forma completa, saber quando estão correndo, andando ou até mesmo caindo de um precipício é essencial. Os inimigos também emitem som dependendo de seu comportamento. É possível identificar se estão atacando, fugindo ou seguindo seus padrões de movimento. Ouvir o game é tão essencial quanto vê-lo.


Quem poderia prever que o pequeno Toad poderia ser protagonista de um jogo próprio tão cheio de carisma e qualidades? Depois de sua estreia em Super Mario 3D World, os minigames deixaram de ser mini para se tornarem gigantes em beleza e diversão. O velho guerreiro Nintendo 3DS recebeu o jogo com carinho, talvez com jogabilidade mais agradável que suas versões mais parrudas. Ver o console em tão boa forma após tantos anos de ser lançado mostra a versatilidade do aparelho e nos deixa ansiosos com o futuro. Queremos mais pequenos milagres como esse acontecendo.

Capitain Toad: Treasure Tracker possui versões disponíveis para Wii U, Nintendo 3DS e Nintendo Switch. Independente da escolhida, a diversão é garantida.

Prós

  • Gráficos excelentes 
  • Desafios divertidos 
  • Muitas horas de jogo mesmo após finalizar a campanha
  • Excelente uso do efeito 3D
  • Trilha sonora atraente

Contras

  • Falta dos controles de movimento nas fases de tiro em trilhos
  • Apenas quatro fases inspiradas em Super Mario Odyssey
Capitain Toad: Treasure Tracker (Wii U, 3DS, Switch) - Nota 9,5
Versão utilizada para análise: 3DS
Revisão: Gabriel Bonafé

Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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