A simbologia é um aspecto muito importante para jogos como The Legend of Zelda. Ela expande o enredo, dá uma forma e um significado mais profundos para muitos aspectos de sua história. Hyrule é um lugar repleto de símbolos com significados diversos, e muitos deles são retirados da vida real, mantendo até mesmo vários de seus significados originais.

A cruz acabou sendo um dos vestígios desse conceito inicial. Atualmente, há pouca coisa que indique a presença do cristianismo na franquia, mas ainda existem vários elementos associáveis.
Poder, Sabedoria e Coragem
O grande foco da franquia, por algum tempo, foi o objeto místico conhecido como Triforce. No enredo do jogo, era uma jóia de poder imensurável, onde cada parte que a compunha era, basicamente, a essência de uma das deusas que criaram o mundo: Farore, Din e Nayru. Qualquer pessoa que obtivesse a Triforce teria seu maior desejo realizado.A associação mais óbvia a se fazer é em relação ao cristianismo. A simbologia cristã, como também muitas outras religiões, extintas ou não, gira em torno do conceito de uma trindade. O número três possui um peso simbólico muito grande na Bíblia, em acontecimentos-chave como, por exemplo, quando Lúcifer leva a terça parte dos anjos quando cai, ou o Éden, que possuía três rios, Pisom, Giom e Tigre, etc.
A religião cristã inteira é baseada nesse conceito de trindade. Ela define Deus como três partes diferentes: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Em Zelda, o conceito de trindade já começa com as três deusas da criação, passando para a Triforce e as três virtudes que ela representa: Força, Sabedoria e Coragem. Isso pode ser mais um vestígio da influência cristã no início do desenvolvimento do game.
Há um grande porém. A Triforce não é um símbolo exclusivo de Hyrule. Uma das influências em sua criação, na realidade, tem como base o xintoísmo, a principal e mais tradicional religião do Japão. Em sua história, é possível ler que a linhagem imperial japonesa provém de Amaterasu, a deusa do sol. Uma das grandes similaridades dessa história com a mitologia de Zelda é a necessidade do imperador possuir três virtudes para ser considerado digno de governar, e elas são quase as mesmas citadas constantemente na franquia: poder, sabedoria e benevolência.
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Familiar, não? |
Os principais símbolos em Hyrule
Um dos símbolos mais relevantes de Zelda, provavelmente é o emblema do Hylian Shield, o clássico escudo que pode ser usado por Link em muitas de suas aventuras. O design mais conhecido, provavelmente, é o de Ocarina of Time (N64), que mostra uma silhueta de uma pássaro vermelho na frente, além da Triforce acima do mesmo.O pássaro vermelho é um Loftwing, um dos principais elementos em Skyward Sword (Wii). Loftwings são grandes pássaros que servem de montaria no jogo. Seu design foi baseado numa espécie nativa do leste africano, o shoebill, e sua cauda enrolada foi inspirado no shiba, uma espécie de cachorro, de um dos game designers. No título de Wii, o pássaro de Link é o único da cor vermelha.
Ocarina of Time também foi responsável por outro grande símbolo: o emblema Sheikah. A tribo é
representada por um olho, com uma lágrima escorrendo de seu centro. Existem especulações de que ele foi baseado em símbolos egípcios, já que lembra, para muitos, o Olho de Hórus, usado como símbolo de proteção. É curioso, pensando por esse lado, já que ele era usado pelos soberanos do Egito, os Faraós, como forma de proteção, um relacionamento similar que a tribo tinha com a família real de Hyrule.

De acordo com o livro The Legend of Zelda: Encyclopedia, a lágrima que escorre do símbolo Sheikah representa a força de vontade da tribo e sua perseverança em percorrer qualquer distância, superar qualquer desafio.
ABC de Hyule
Por fim, é interessante analisarmos o próprio alfabeto Hylian,com todas as suas diferentes variações. Ao todo, são seis variações que aparecem durante toda a série. É possível ver como o idioma evoluiu e se modificou com o tempo, inclusive com a correção de erros.A primeira aparição do texto Hylian foi em A Link to the Past (SNES), em que os símbolos aparecem em várias pedras e pedestais. Nesse período, o alfabeto não possuía nenhuma estrutura lógica, sendo apenas um amontoado de símbolos aleatórios, representando a ideia da falta de compreensão sobre a língua, sendo necessário a leitura de um livro para traduzir o idioma antigo.
Na versão japonesa do jogo, símbolos egípcios são utilizados no texto, enquanto a versão americana os removeu.
O segundo alfabeto Hylian, introduzido em Ocarina of Time, e o terceiro, em Wind Waker (GC), são ambos línguas silábicas, o que significa que suas caracteres representam sílabas, ao contrário do alfabeto ocidental, baseado no latim. Sua estrutura é fortemente baseada em dois alfabetos japoneses: o hiragana e o katakana. No entanto, o alfabeto em Ocarina of Time é defasado, limitando sua gama de caracteres. Várias sílabas não existem, o que dificulta muito uma equivalência japonesa perfeita. A versão de Wind Waker é mais atualizada e completa, sendo a evolução do anterior.
O quarto veio em Twilight Princess (GC/Wii), sendo ele o primeiro alfabeto estruturalmente baseado no latim. Desde então, os alfabetos em Zelda seguem esse mesmo formato, em sua quinta e sexta forma. O mais curioso de se notar nesse idioma, é como a versão original é considerada a de GameCube, e não a de Wii, já que sua versão espelha as caracteres, tornando-as o contrário das originais.
Os dois últimos alfabetos, sendo o quinto introduzido em Skyward Sword, enquanto o sexto apareceu pela primeira vez em A Link Between Worlds (3DS), seguem essa ideia do alfabeto ocidental, sofrendo da mesma coisa que o segundo e terceiro bloco de caracteres, já que, além de serem um a evolução do outro, o quinto apresentava várias falhas, como letras repetidas -- falhas essas corrigidas na sexta versão.
Revisão: Diego Franco Gonçales