Análise: X-Morph: Defense (Switch) mantém um equilíbrio tênue entre ação e estratégia

Jogo desenvolvido pela EXOR Studios combina tower defense e shoot' em up em um gameplay único, dinâmico e muito divertido.

em 25/02/2019

Lançado em agosto de 2017 para PC, PS4 e Xbox One, X-Morph: Defense chegou este mês ao Switch trazendo uma peculiar combinação de gêneros. Com elementos de tower defense e de shoot’ em up, o título desenvolvido pela EXOR Studios apresenta uma proposta interessante, surpreendentemente bem balanceada e divertida.

Invadindo a Terra


Um grupo de alienígenas invade a Terra em busca de recursos. Ao invés de defender os humanos dos ataques alienígena, cabe ao jogador o papel de garantir a supremacia dos X-Morph (nome dado aos alienígenas pelos seus inimigos). Para isso, é necessário proteger os harvester cores (que funcionam como centros de comando e extratores de recursos) das waves inimigas, que são muitas e podem vir de todos os lados já que a base é implantada em território hostil.

Mas primeiramente é bom ter calma. Antes dos violentos ataques, o jogador possui uma fase de preparação em que é possível investir recursos na aquisição de torres de defesa. O posicionamento estratégico delas é fundamental para lidar com as várias ondas de ataque. Para que o jogador consiga avaliar bem suas opções, o jogo mostra as rotas dos inimigos durante esse período e também enquanto a batalha acontece.


Conseguir controlar as rotas dos inimigos e posicionar bem as torres é a chave para a vitória. Um bom exemplo disso é a ferramenta de contenções a laser. Ela pode ser usada para impedir que o inimigo passe por um caminho, forçando-o a avançar por outro trajeto (mais longo ou no qual ele se encontra com outro grupo inimigo, por exemplo). Assim, é possível criar estratégias ainda mais eficazes de posicionamento das torres. Mas, claro, nunca tão eficazes que façam o jogador cortar completamente o caminho dos humanos à base e vença por tornar impossível sua própria derrota.

Mas não é só equipamentos automatizados que o jogador tem à sua disposição. Ele também tem acesso a sua própria nave, que pode funcionar tanto para atacar diretamente os adversários quanto para posicionar mais torres mesmo durante o combate. Esse recurso de ataque pessoal é uma excelente forma de lidar com as fraquezas estruturais no campo de batalha causadas por mal planejamento ou mesmo pela falta de recursos para criar uma defesa robusta.


É importante destacar que a nave é realmente um recurso que depende da habilidade do jogador para ser eficiente. Além disso, o foco real é a defesa da torre principal (o core dos alienígenas), já que a nave pode sempre ser restaurada, mas o centro de comando é único e sua destruição leva ao game over.

Equilibrar a necessidade de montar boas estratégias com a presença dinâmica do jogador no campo de batalha poderia ter sido um problema, mas os desenvolvedores conseguiram pensar muito bem nos papéis de ambos os elementos. Esse equilíbrio entre as duas áreas (ataque direto e torres automatizadas de defesa) também é fundamental para o jogador lidar com as fases, a menos que escolha a dificuldade mais fácil (nela apenas a estratégia pode ser suficiente).

Expandindo seus recursos


Conforme o jogador vai completando a campanha principal, é possível ter acesso a mais opções de upgrade. Cada fase vencida oferece uma quantidade de pontos para investir em novas armas para a nave, novas torres e/ou novas habilidades. Mas esses pontos não são fixos. É possível mudar a alocação desses recursos antes de iniciar uma fase para se adaptar melhor ao que será necessário.

Ou seja, você pode ter investido ao máximo em torres anti-aéreas para uma fase e mudar todos os pontos para outros tipos de torres ou armas para a próxima. Na tela de seleção da missão são mostrados os níveis de presença dos tipos de inimigos, o que facilita a escolha dos upgrades essenciais para a fase. Há até alguns recursos marcados como recomendações para algumas delas, em especial, quando algum novo tipo de inimigo será apresentado.

A capacidade de escolher bem seus recursos pode ser fundamental para tornar uma fase mais difícil em um ambiente amplamente controlado pelo jogador. Isso é especialmente verdade para jogadores que querem experimentar as dificuldades maiores, em que a energia necessária para criar torres é mais escassa.


Além do modo história, há também o Survival. As fases desse segundo modo são muito interessantes com ataques inimigos mais imprevisíveis, que exigem maleabilidade e excelente domínio dos recursos disponíveis. Nessas fases o jogador também não pode definir suas habilidades iniciais e os upgrades acontecem a cada nova wave. O objetivo, como fica óbvio pelo próprio nome, é sobreviver o máximo possível.

Tanto na campanha quanto no Survival, há também um incentivo para que o jogador busque se empenhar em ter bons resultados. Ao final das fases, há a atribuição de uma nota detalhada do quão bem o jogador foi (com fatores como tempo gasto, dano recebido pela torre de comando, etc). E a partir desse valor, é possível obter medalhas de bronze, prata ou ouro. No Survival, em especial, essa valorização é bem clara, já que conseguir uma medalha é pré-requisito para avançar para a próxima fase.

Um equilíbrio surpreendente de gêneros aparentemente destoantes


Com fases muito bem elaboradas, X-Morph: Defense consegue fazer uma combinação surpreendentemente natural entre estratégia (mais especificamente, tower defense) e ação (mais especificamente, shoot’ em up). Os dois elementos se complementam e sustentam um gameplay único em que a ação é um recurso dinâmico a ser utilizado taticamente para cobrir as falhas estratégicas ou lidar com os elementos mais complicados ou inesperados dos movimentos inimigos.

Nas batalhas contra os chefões, em especial, o casamento de gêneros mostra muito bem seu valor. São momentos impressionantes em que se combinam o bom pensamento estratégico e a capacidade de controlar sua própria nave e atacar diretamente os pontos-fracos do inimigo, mostrando que o jogo é muito mais do que uma quimera exótica, mas um título sólido e equilibrado que pode agradar muito bem tanto fãs de tower defense quanto aqueles que adoram um shoot’ em up.

Prós

  • Consegue equilibrar muito bem estratégia e ação;
  • Variedade de upgrades que são interessantes de desbloquear e testar;
  • Mapas bem construídos que exigem atenção em vários focos de ataque;
  • Chefões demonstram o que há de melhor nos sistemas do jogo;
  • Modo Survival oferece uma excelente mudança de ritmo exigindo jogadas maleáveis.

Contras

  • Em alguns raros momentos em que há muitos inimigos na tela, há quedas significativas de framerate;
  • O ângulo de visão e os obstáculos altos podem atrapalhar a enxergar o campo.
X-Morph: Defense – Switch/PC/PS4/XBO – Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Arthur Maia
Análise produzida com cópia digital cedida pela EXOR Studios.

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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