Pokémon Blast

Curiosidades sobre a primeira geração dos jogos de Pokémon

Fique por dentro de funcionalidades que estão escondidas ou até mesmo erros na programação dos jogos da primeira geração.

Todo jogo possui fatos e curiosidades sobre ele, e com Pokémon não poderia ser diferente. É cada uma que às vezes nem dá pra acreditar que acontece. As situações vão desde pequenas mecânicas presentes no game como falhas no código do jogo e que, após a execução de certos passos, podemos explorá-lo de uma forma, digamos, diferente.

Pensando nisso, separamos algumas curiosidades e pontos que podem ter passado despercebidos nas primeiras vezes que jogamos, afinal, ainda éramos crianças (entreguei a idade, né?) e não sabíamos direito o que fazíamos. Pronto para mergulhar em um universo paralelo? Eu te digo então, me dê a mão e boa leitura!

Tipo ICE causa dano neutro no tipo FIRE

Isso mesmo, você não leu errado. A primeira vez que me deparei com essa situação foi ainda quando criança. Na oportunidade, estava enfrentando Blaine e joguei meu Articuno para enfrentá-lo, já que o mesmo sabia usar Bubble Beam.

No entanto, quando fui utilizar a técnica que ganhei de presente da Misty, selecionei por engano o golpe Blizzard. Ao final da animação, não ouvi o som emitido quando o dano é "Not Very Effective" e sim, de dano neutro. Claro que, na época, eu nem sabia disso e segui com a batalha.

Muitos anos depois, tive a oportunidade de replicar este cenário e, tendo mais conhecimento sobre o jogo, notei que, de fato, o som ao final da animação não era o que eu esperava. A fim de confirmar minhas suspeitas, usei Ice Beam em vez de Blizzard, pois em minha cabeça, um raio de gelo possui menos gelo do que uma nevasca e com isso, o dano seria reduzido.

Para minha surpresa, tive a mesma resposta: dano neutro. Pesquisando sobre o assunto, isso só acontece na primeira geração, uma vez que, a partir das versões Pokémon Gold/Silver (GBC), o tipo FIRE ganhou resistência ao tipo ICE.

Tipo DRAGON não tem nenhum golpe de STAB

A sigla STAB é a abreviação para Same Type Attack Bonus, que em outras palavras é o aumento de dano concedido aos golpes utilizados por Pokémon do mesmo tipo em 50%. Ou seja, o golpe Psychic (de poder base 90), quando acionado por um Alakazam, causará muito mais dano ao alvo pois considera 135 pontos (90 de base + 45 do STAB), em relação a um Magmar, por exemplo.

Por ser a primeira geração, não havia movimentos complexos e em grande escala como conhecemos hoje. Sua construção era simples e básica, logo, é de se esperar que algum tipo tenha menos possibilidades do que outros. Agora, e quando um determinado tipo possui apenas uma única habilidade? É isso que acontece com o tipo DRAGON.


Na primeira geração, o único golpe desse tipo é Dragon Rage, que aplica de forma fixa 40 pontos de dano. Sendo assim, essa técnica não recebe aumento de dano proporcionado pelo STAB e, por ironia do destino, não é possível utilizar essa habilidade como principal ferramenta para vencer os Pokémon desse tipo, pois suas fraquezas são o próprio tipo DRAGON e também o tipo ICE

Como Dragon Rage sempre tira 40 pontos de dano, é necessário usar esse golpe sete vezes para vencer o Dragonite do Lance, já que o HP do Pokémon dragão de Kanto no Lv. 62 pode chegar até 242 pontos.

Tipo PSYCHIC é virtualmente imparável

Hoje temos 18 tipos de Pokémon. Na primeira geração, eram apenas 15. Quando as coisas ainda estão começando, é natural que um ou outro tipo seja mais forte do que os demais. Agora, quando um deles se destaca tanto a ponto de ser praticamente imparável, é hora de rever alguns conceitos.

No passado, cada Pokémon tinha apenas cinco atributos: HP, Attack, Defense, Speed e Special. Não havia divisão entre Special Attack e Special Defense, logo, Pokémon como Gyarados era muito forte, já que conseguia utilizar as duas bases ofensivas para causar bastante dano. Essa característica, entretanto, era melhor usada por Pokémon do tipo PSYCHIC.

O tipo PSYCHIC é fraco contra os tipos GHOST e BUG. Contudo, mesmo tendo duas fraquezas, a falta de golpes potentes desses dois tipos, e associação de tipos secundários vulneráveis, tornou Pokémon como Alakazam, Slowbro e Exeggutor em verdadeiros nêmesis para os demais.

Em Kanto, apenas a linha evolutiva do Gastly é do tipo GHOST, porém, também são do tipo POISON. O mesmo vale para os Pokémon do tipo BUG, pois um dos golpes de dano desse tipo é Twineedle, aprendido por Beedrill, também do tipo POISON.


Por sorte, alguém na Game Freak percebeu isso e logo na geração seguinte foram criados dois tipos, STEEL e DARK, sendo o primeiro resistente ao tipo PSYCHIC enquanto que o segundo é completamente imune, e ainda causa dano dobrado nos Pokémon psíquicos.

Evolução do Eevee do Rival

A versão Yellow segue a história da série animada e por isso não começamos nossa jornada com os tradicionais Bulbasaur, Charmander e Squirtle. Agora, o inicial é o rato elétrico conhecido mundialmente como Pikachu.

Para acompanhar o protagonista, nosso rival opta por começar sua jornada com um Eevee, que na primeira geração possui três possíveis evoluções: Vaporeon, Flareon e Jolteon. Há uma programação “escondida” em relação ao Pokémon que nosso rival irá optar. Não entendeu? A gente explica!


Internamente, o jogo armazena o resultado de duas batalhas: a primeira no laboratório do Professor Oak e a opcional na rota 22, a oeste da cidade de Viridian, logo no começo do jogo. A partir dos resultados, nosso rival decide qual será a evolução de seu Eevee, seguindo os seguintes critérios:

  • Em caso de duas vitórias do protagonista, evoluirá para Jolteon, do tipo ELECTRIC, ou seja, criará uma resistência natural ao Pikachu já que ambos são do mesmo tipo;
  • Em caso de empate ou não participação da segunda batalha evoluirá para Flareon, do tipo FIRE, pois o dano causado pelos golpes de STAB será neutro para os dois lados;

  • Em caso de duas derrotas do protagonista, evoluirá para Vaporeon, do tipo WATER, ou seja, teremos vantagem de tipo do Pikachu nos confrontos futuros.

Linearidade

Um ponto que muitos fãs comentam sobre a franquia é em relação à linearidade dos jogos recentes, pois a direção é apresentada no menu do jogo, e com isso, o fator exploração é quase inexistente. Mas nem sempre foi assim.

Os dois primeiros ginásios de Brock e Misty são obrigatórios para avançarmos na história. Assim que vencemos a treinadora aquática, podemos avançar para a cidade de Vermilion e, a bordo do S.S Anne, ajudar o comandante em troca do HM01 - Cut.

Com essa técnica em mãos, temos agora duas escolhas: vencer o Lt. Surge e conquistar a terceira insígnia ou ir direto para o Rock Tunnel, que fica ao leste da cidade de Cerulean. Mesmo sem poder utilizar Flash, é relativamente fácil passar pela caverna sem o clarão.


Ao chegarmos na cidade de Celadon, podemos vencer Erika ou acabar com os planos do Team Rocket no Game Corner seguido da Pokémon Tower, partir para a cidade Fuchsia e vencer o Koga, já que teremos a Poké Flute para acordar os dois Snorlax.

Se você optar pelo segundo caminho, teremos acesso ao HM03 - Surf, que pode ser utilizado no mapa após vencermos o Koga. Dessa forma, teremos três insígnias: as duas primeiras e o que seria a quinta se seguíssemos a ordem “natural” do jogo. Em seguida, podemos ir até a ilha de Cinnabar e vencer o Blaine. Viu como o jogo pode ser completado de várias formas? 

Ginásio do Koga com dois tipos

O tipo de Pokémon com maior número de representantes na primeira geração não é o tipo WATER como muitos imaginam, mas sim o tipo POISON. Por ironia do destino, ambos são especialidades de dois líderes de ginásio, Misty e Koga.

Assim que entramos em um ginásio, sua ambientação indica qual é o tipo dominante. Todavia, quando o assunto é o covil do ninja venenoso, não sabemos ao certo qual é o tipo, já que sua aparência é simples e seus treinadores também não nos ajudam.

Espalhados pelo ginásio, os aspirantes possuem Pokémon do tipo PSYCHIC e, entre eles, há diversas paredes invisíveis delimitando o caminho a ser percorrido até nosso estimado líder de ginásio. E qual Pokémon é capaz de criar paredes desse tipo? A resposta é Mr.Mime, do tipo PSYCHIC. O problema é que a especialidade do ginásio não é sobre esse tipo e sim, POISON.


Isso pode ter ocorrido em virtude do tema do ginásio não ser à base de venenos e sim, técnicas de incapacitação, como SLEEP, PARALYZE e claro, TOXIC. Ou ainda, por ser um ninja, sua habilidade de ludibriar as pessoas em relação ao tipo de seu ginásio lhe favorece, já que o tipo POISON não possui nenhuma similaridade em termos de fraquezas/resistências com o tipo PSYCHIC.

Agatha especialista no tipo GHOST?

Membro da Elite Four de Kanto, Agatha é uma das treinadoras de maior prestígio em sua região. Velha conhecida (piada intencional) do Professor Oak, Agatha é especialista em Pokémon de tipo GHOST, tendo Gengar como seu principal recurso. Ele sai pela Pokébola presa em sua bengala, bem legal, não?

Infelizmente, a primeira geração possui apenas três Pokémon do tipo GHOST: Gastly, Haunter e Gengar. Logo, seu time não é composto por Pokémon exclusivamente desse tipo. Em vez disso, há um tipo em comum entre eles: o tipo POISON. Sua equipe é formada por dois Gengar, um Haunter, um Golbat e uma Arbok.


Para que Agatha possa ter uma equipe contendo somente Pokémon do tipo GHOST, ela teria que viajar até a região de Hoenn para poder capturar os três Pokémon utilizados por Phoebe (Dusclops, Sableye e Banette) a fim de que todos compartilhem o tipo de sua especialidade.

Critical Hit!

Quando causamos um acerto crítico, abrimos um sorriso tão grande que até um Gengar fica com inveja. Agora, quando sofremos, não é tão legal assim. Na primeira geração, muitas das mecânicas que conhecemos hoje eram diferentes, e uma delas é como o jogo calcula o dano crítico.

Hoje há itens, habilidades e técnicas que facilitam a chance de um golpe crítico ocorrer. Naquela época era bem mais simples: quanto mais rápido seu Pokémon fosse, maior a chance. Para dizer a verdade, simples até demais. O golpe Slash é conhecido pelos jogadores por ser um golpe com chance de crítico maior do que um movimento comum, como Earthquake.

Se colocarmos lado a lado dois Pokémon capazes de utilizar esse golpe, como Persian e Sandslash, qual deles você acha que terá maior chance? Se você pensou no Sandslash só porque ele tem o termo Slash em seu nome, enganou-se. Na verdade é o Persian, que possui esse atributo elevado.


Nas versões Red/Blue, a Speed máxima de um Sandslash é de 228 pontos, enquanto que a do Persian pode chegar a 328 pontos. Apenas seis Pokémon dentre os 151 (Electrode, Jolteon, Aerodactyl, Mewtwo, Dugtrio e Alakazam) são mais rápidos do que o gato persa de Kanto. Ou seja, é praticamente garantido que Slash, quando utilizado por um Persian, será um Critical Hit.

Pescador de ilusões

Se eu ousar contar que é possível pescar dentro de um ginásio, você acreditaria? E eu não estou falando das águas presentes no ginásio da Misty. Esse é um dos grandes mistérios da primeira geração, e que hoje, mais de 25 anos depois, temos uma “pequena” ideia do porquê isso ocorre.

Não é raro presenciar glitches ou exploits em jogos antigos após uma sequência de eventos não programada. O exemplo mais clássico desses dois é o famoso Missingno, ou Missing Number para os íntimos. Como esse quase todos já conhecem, que tal apresentarmos um que quase ninguém sabe que existe?


Todos os ginásios possuem as estátuas de Pokémon carregando consigo as placas de informação do ginásio, e informam quem é o líder, qual treinador já venceu, etc. Agora, o mais estranho disso é que se utilizarmos qualquer um dos três itens de pesca (Old, Good ou Super Rod) em uma dessas estátuas, podemos pescar Pokémon como se estivéssemos na água!

É evidente que a intenção não era essa. Agora, é no mínimo cômico poder passar por essa experiência. Essa situação ocorre em virtude de uma (possível) falha de programação, que atribui propriedades de quadrados utilizados como água no restante do mapa. E você, já tentou pescar seu Krabby em um ginásio? 

Revisão: Janderson Silva
Referências: Bulbapedia


Fã de carteirinha da franquia Pokémon desde os oito anos de idade, teve seu primeiro contato com os monstrinhos de bolso no Game Boy Color e de lá para cá, são mais de 25 anos de alegria. Fanático por vídeo-games, gostaria de poder jogar mais tempo do que trabalha.
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