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Análise: Oxenfree II: Lost Signals (Switch): uma aventura nas ondas de rádio com viagens no tempo-espaço

O jogo de aventura traz uma atmosfera envolvente de mistério e dramas pessoais.

Desenvolvido pelo Night School Studio, Oxenfree II: Lost Signals é um jogo de aventura com foco narrativo em que controlamos uma mulher que volta à cidade onde viveu na infância. Como parte de seu novo trabalho, ela terá que ajudar na instalação de antenas na região, mas as coisas logo escapam do seu controle.

Cuidado com as ondas de rádio

Anos após ter deixado para trás a cidade de Camena, Riley volta à sua terra natal para um novo emprego. Esse retorno não é algo que ela desejava, mas uma série de circunstâncias envolvendo sua vida profissional e família parece ter gerado uma espiral de problemas. Esses detalhes vão sendo revelados aos poucos ao longo da trama, e até mesmo os diálogos aparentemente aleatórios durante a exploração são importantes para montar o quebra-cabeça de quem é a protagonista.
Conforme avançamos, conhecemos alguns personagens, como o parceiro de Riley, Jacob, que é um morador local e já havia estudado com a moça no ensino médio. Pouco após os dois tentarem colocar uma antena no topo de uma região próxima, eles acabam tendo um incidente que dá início a eventos de cunho sobrenatural. Agora, eles precisam viajar para todos os cantos de Camena em busca de corrigir o problema. Cada novo encontro com o sobrenatural dá lugar a mais detalhes de drama pessoal.

Ao pensar na trama como um todo, chama a atenção a forma como a história conduz um mistério sombrio em que tudo pode ser bem nebuloso a princípio. Como um jogador que não experimentou o antecessor, fiquei bem curioso em entender a situação toda e as conexões entre os personagens. Porém, ao mesmo tempo, a condução da trama muitas vezes omite do jogador informações importantes, a fim de usá-las posteriormente como reviravoltas e há certos pontos de relação com o primeiro jogo que são apresentados de forma vaga.
Felizmente, para um jogo tão focado em texto, temos uma tradução competente para o português. Há alguns erros perceptíveis, como a Riley tratando a si mesma no masculino ou usando “vocês” quando só está falando com Jacob, mas nada que comprometa o entendimento. O que pode ser um problema é a falta de um log que mantenha as conversas registradas e outras ferramentas que afetam a qualidade de vida de obras de natureza narrativa, como skip para agilizar as falas, tendo em vista que elas impedem o jogador de interagir com o ambiente em algumas ocasiões.

Uma aventura que busca ser orgânica

Oxenfree II é um jogo de aventura cujo funcionamento básico é simples. Basta andar e usar botões indicados na tela para interagir com objetos do cenário ou responder uma sequência de diálogo. Em alguns momentos, deve-se resolver puzzles leves para avançar, sendo comum a necessidade de usar frequências de rádio como forma de ativação de objetos mecânicos, mas todos os desafios são triviais.
 
A maior dificuldade do jogo mesmo é perceber como avançar, já que, fora as falas que só acontecem uma vez, só há comentários vagos no mapa para auxiliar o progresso. Não há marcadores de onde ir e é bem raro que o jogo tenha uma descrição mais assertiva da localidade a ser encontrada. Dependendo do ponto em que a aventura está, se for feita uma pausa muito longa, a pessoa provavelmente terá grande dificuldade de saber qual é o próximo objetivo.
Uma das poucas ocasiões de indicação mais clara do mapa
Um ponto bem inconveniente é que o jogo opta por manter uma câmera afastada, o que deixa personagens e elementos do cenário bem pequenos. Até é possível usar uma fonte de bom tamanho para auxiliar a leitura, mas as outras coisas ficam aparentemente desfocadas e pode ser bem complicado enxergar no modo portátil do Switch. Na dock, esse problema é amenizado, mas não totalmente resolvido, exigindo um foco maior da visão do jogador.

Também vale destacar que o jogo só conta com save automático. Sem uma forma de salvar manualmente, o jogador tem um controle um pouco limitado de como avançar, podendo ter que repetir um trecho inteiro se algo der errado com o jogo. Infelizmente, encontrei alguns bugs levemente inconvenientes, incluindo um fechamento abrupto da aplicação, a impossibilidade de retornar a uma área que abri dentro da igreja e a cena de créditos agarrando em uma tela preta.

De volta a Camena

Oxenfree II: Lost Signals
é um jogo de aventura focado em mistérios sobrenaturais. Com um sistema simples de exploração e uma trama composta por dramas pessoais de fácil empatia, o título é uma boa recomendação para fãs do gênero, mas deixa a desejar em alguns aspectos de qualidade de experiência do usuário.

Prós

  • Atmosfera de mistério sombrio que instiga a curiosidade;
  • Dramas pessoais com os quais é fácil ter empatia e que envolvem escolhas que podem ter impactos no desenvolvimento da trama;
  • A exploração é simples e fácil de entender;
  • Tradução para o português competente.

Contras

  • Pode ser confuso avançar devido a poucos indicativos do que fazer, especialmente se o jogador tiver que fazer pausas longas;
  • A condução da história também pode ser difícil de acompanhar em algumas ocasiões, especialmente para quem não jogou o título anterior;
  • Durante boa parte da aventura, todos os elementos da tela são muito pequenos e especialmente difíceis de ver no modo portátil do Switch;
  • Ausência de log e outras ferramentas que ajudem a aproveitar melhor o texto;
  • Impossibilidade de salvar manualmente e pequenos bugs.
Oxenfree II: Lost Signals — Switch/PC/PS4/PS5/iOS — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Netflix

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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