Análise: Nintendo Switch 2 é uma evolução modesta, mas promissora

O primeiro console numerado da gigante japonesa foca em melhorias técnicas para entregar uma experiência suave e familiar.

em 27/06/2025

O Nintendo Switch 2 chega com a difícil tarefa de suceder o console híbrido que já se tornou um dos maiores sucessos da companhia japonesa. Com foco em melhorias técnicas e estruturais, o novo sistema impacta com sua performance superior e estrutura física renovada, ao mesmo tempo que aproveita o legado do anterior. As novidades pouco significativas e uma estreia tímida no campo dos jogos trazem um ar de uma simples interação, porém é fácil perceber o grande potencial da nova plataforma.

Uma experiência superior no portátil e na TV

O grande trunfo do Switch era a sua natureza híbrida, com jogos que podiam ser aproveitados tanto no modo portátil como em uma TV. Além disso, a experiência era ágil: trocar entre um modo e outro era instantâneo, e retomar a jogatina era fácil com a suspensão do sistema. Apesar disso, nos últimos anos claramente o console mostrava que estava no limite com tempos de carregamento longos e performance mediana, além das dificuldades no desenvolvimento de títulos multiplataforma. 

A proposta do Switch 2 é justamente trazer uma evolução na parte técnica. O novo console apresenta poder de processamento superior, sendo capaz de alcançar resoluções 1080p no modo portátil e 4k no modo dock, além de componentes que tornam as ações gerais mais rápidas, como uso do sistema e tempos de carregamento reduzidos. O resultado é uma experiência mais ágil e prazerosa.  


No lançamento, o híbrido já dá uma amostra de seu poder, mesmo que de forma tímida. Mario Kart World, o grande destaque nesse momento, apresenta visuais elaborados rodando a constantes 60 fps e 4K — uma clara evolução em relação ao título anterior, apesar da direção de arte não se diferenciar tanto. Já Cyberpunk 2077: Ultimate Edition impacta com seus gráficos intrincados e performance satisfatória para um console desse porte.

É um pouco cedo para tirar conclusões, porém os jogos de estreia mostram o potencial do sistema. As melhorias no processamento permitirão que editoras parceiras produzam adaptações com maior facilidade, o que era um dos grandes problemas do Switch original. Além disso, a potência técnica possibilitará que estúdios menores e até mesmo a própria Nintendo consigam criar experiências mais ambiciosas. Naturalmente, os componentes técnicos estão abaixo dos outros consoles de mesa, mas o histórico do modelo antecessor prova que isso não é um grande empecilho para o sucesso. 


Um grande trunfo é o suporte à vasta biblioteca do Switch original. Muitos dos títulos antigos já apresentam taxas de quadros melhoradas e tempos de carregamento reduzidos mesmo sem atualizações específicas; já outros, como The Legend of Zelda: Breath of the Wild e The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, receberam versões mais caprichadas que aproveitam mais o novo hardware. Há alguns problemas, como bugs em certos jogos e imagem borrada no modo portátil, porém são questões que devem ser resolvidas aos poucos.

A filosofia minimalista foi mantida com o mesmo sistema operacional simples que foi levemente repaginado com algumas cores e ícones novos. O grande destaque é a eShop, que apresenta maior fluidez e organização melhorada. Tudo continua funcionando com agilidade, mas é uma pena não ver novidades aqui, como pastas, temas ou perfis de jogadores mais robustos.

Mouse, conversas e compartilhamento em inovações discretas

Apesar da filosofia conservadora, o Switch 2 introduz algumas novidades. A mais significativa delas é a possibilidade de utilizar os Joy-Con 2 como se fossem um mouse. Para ativá-lo, basta virar o controle de tal maneira que o encaixe fique para baixo, funcionando em praticamente qualquer superfície. O recurso é muito criativo e traz muitas possibilidades, como adaptações de jogos de estilos específicos de PC, como estratégia em tempo real e FPS.


Nos meus testes, o modo mouse se revelou versátil e preciso, sendo fácil de usar tanto nos menus do sistema como nos tiroteios intensos de Cyberpunk 2077. Porém, há um problema crucial de ergonomia: o formato fino do controle não tem pegada confortável e os botões são difíceis de apertar. Com isso, o recurso até é interessante para partidas casuais ou minigames, mas difícil de recomendar por longos períodos em jogos exigentes.

Já o GameShare, como o nome implica, permite compartilhar jogos com outros consoles próximos ou pela internet para partidas multiplayer. É uma ideia bacana, mas, na prática, a implementação ficou devendo: além da lista de títulos compatíveis ser bem limitada, o recurso apresenta atraso na imagem e comandos, atrapalhando a jogatina. Espero que upgrades futuros melhorem a sua performance. 


Por fim, o último recurso inédito é o GameChat, ferramenta para comunicação por voz e vídeo com até quatro participantes. A opção é fácil de usar, bastando apertar o botão C a qualquer momento, com direito a opção de compartilhar a tela de jogo. A conversa por voz utiliza o microfone embutido no console, já o vídeo exige uma câmera adquirida separadamente.

O GameChat é uma evolução notável no aspecto de comunicação dentro do ecossistema da Nintendo. Além de prático, o recurso se destaca com uma excelente redução de ruído do áudio, opções de privacidade para a câmera e transcrição de fala. A simplicidade da customização e a fluidez reduzida das telas dos amigos pode incomodar, mas ao menos acabou a necessidade de usar um app ou serviço externo para conversar com os amigos durante as partidas.



Um upgrade significativo nos componentes

Uma grande mudança do Switch 2 em relação ao antecessor é a sua construção física. O novo console é bem mais sóbrio com a predominância de preto, com toques de cores claras nos Joy-Con 2 para trazer um contraste sutil. A qualidade do material é superior, contando com um toque levemente emborrachado, mas ainda suave ao toque. O acabamento é de primeira, trazendo a sensação de um produto premium.


Os controles passaram por melhorias sutis. Os Joy-Con 2 são maiores que os antecessores, contando com botões aumentados e com toque mais agradável, o que traz conforto. No modo lateral, os botões SL e SR têm ergonomia superior e o novo tamanho acomoda-se melhor nas mãos. Além disso, o encaixe magnético é mais prático e apresenta firmeza. Apesar das melhorias, a ergonomia rasa dos controles ainda incomoda. Além disso, a tecnologia de alavancas dos controles ainda é a mesma do modelo anterior, o que pode levar a problemas de drift — um defeito que já foi reportado por alguns usuários do novo console.


O novo modelo conta com uma tela de 7,9 polegadas, um upgrade significativo em relação às 6,2 polegadas do anterior. O painel LED tem resolução Full HD e suporte a diversas tecnologias, como HDR e Variable Refresh Rate, resultando em imagens brilhantes e com ótimo contraste, bem superiores ao Switch original e próximo à qualidade de OLED. O modo portátil também tem suporte a 120Hz, porém, no momento, somente alguns minigames de Nintendo Switch Welcome Tour conseguem alcançar essa taxa de atualização.

No modo dock, o console mostra seu poder com resolução até 4K, trazendo uma clareza nunca antes vista no dispositivo, com direito a HDR, que reforça a qualidade visual. Além disso, a dock inclui uma porta de rede, o que, assim como no Switch OLED, torna a jogabilidade online ainda mais estável, ideal para quem prefere jogar com conexão a cabo em vez de depender do Wi-Fi.


Com o aumento do display, o conjunto como um todo ficou maior e mais pesado. Mas, apesar disso, ele é confortável de segurar. O apoio para o modo tabletop foi alterado e agora tem formato de U e pode ter seu ângulo de inclinação alterado livremente. É bastante versátil, porém passa sensação de fragilidade com seu plástico fino.

Um ponto que pode decepcionar é a bateria, cuja autonomia é menor que a dos modelos anteriores. A Nintendo promete por volta de seis horas de jogo, no entanto, nos meus testes, a carga durou aproximadamente duas horas em títulos de Switch 2, como Mario Kart World e Cyberpunk 2077. Com isso, o aspecto portátil pode ficar um pouco limitado.


Fora isso, o dispositivo inclui algumas novidades em seu corpo. Agora há uma segunda porta USB-C no topo para carregar a bateria ou conectar outros acessórios, como a câmera. Já o armazenamento interno de 256GB é significativamente maior que o do antecessor, porém os novos jogos também são maiores. Como é de praxe, o espaço pode ser expandido por meio de cartões MicroSD, mas, infelizmente, somente o tipo Express é capaz de armazenar jogos.

Um aperfeiçoamento simples e repleto de potencial

O Switch 2 marca uma mudança mais contida, mas ainda assim importante, na trajetória dos consoles da Nintendo. A ideia aqui foi manter tudo o que funcionava bem no modelo anterior — como a flexibilidade de jogar na TV ou no modo portátil — e resolver os problemas que vinham incomodando, como o desempenho limitado. Com o novo hardware mais potente, visuais mais caprichados e um sistema que continua leve e fácil de usar, o console entrega uma experiência sólida, apesar de conservadora.

As novidades podem até parecer tímidas à primeira vista, mas mostram uma tentativa de trazer originalidade. O modo mouse nos Joy-Con 2, o GameShare e o GameChat são ideias interessantes, mesmo que ainda precisem de polimento. A retrocompatibilidade com o Switch original é um grande acerto, permitindo aproveitar jogos antigos com melhorias. Apesar de alguns tropeços, como a bateria com duração menor e a ausência de novidades significativas na interface, o novo console entrega uma base sólida e confiável pra quem já curtia o estilo do primeiro Switch.

Pensando no que vem pela frente, o Switch 2 pode não ser uma revolução imediata, mas tem tudo pra crescer com o tempo. Com atualizações, novos jogos e mais apoio dos estúdios, ele tem boas chances de repetir o sucesso de seu antecessor. No momento, é uma plataforma com atrativos limitados, mas o futuro é promissor.

Prós

  • Desempenho superior, com jogos em 1080p no portátil e 4K na TV;
  • Retrocompatibilidade com o Switch original, incluindo melhorias em jogos antigos;
  • Tela maior e com melhor qualidade de imagem, incluindo suporte a HDR e 120Hz;
  • Joy-Con 2 mais confortáveis, com botões maiores e encaixe magnético mais firme;
  • Sistema operacional simples e rápido, com eShop mais fluida e organizada.

Contras

  • Bateria com duração regular, especialmente em jogos mais pesados;
  • Inovações como modo mouse e GameShare ainda são pouco práticas ou limitadas;
  • A ergonomia dos Joy-Con ainda deixa a desejar em sessões longas, especialmente no modo mouse;
  • Poucas mudanças no sistema e nos recursos do console em relação ao original.
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com unidade cedida pela Nintendo
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Farley Santos
é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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