O mercado de jogos brasileiros nunca esteve tão emergente. God of Rock, Pocket Bravery, Chroma Squad, Dandara e Spark the Electric Jester são alguns exemplos excelentes de nossa biblioteca. Um título tímido, porém que vale ser lembrado é No Heroes Here, lançado em 2018 com a proposta de ser um tower defense em coop, resultando em um modesto sucesso.
Avançamos sete anos e sua desenvolvedora, Mad Mimic Interactive, lança No Heroes Here 2 no mesmo ano do aclamado Mark of the Deep. Mas será que o raio acerta o mesmo lugar duas vezes? Traga algumas bombas e venha comigo.
Em posição!
No título original, a terra de Noobland é um lugar pacífico onde nada acontece. Isto é, até que algo acontece: o herói morreu! E hordas de inimigos estão vindo aterrorizar seu castelo, cabendo ao povo comum defender seu lar contra o mal. Uma história simples e charmosa, pura desculpa para o jogo acontecer.Bom, a simplicidade é ainda maior no segundo jogo porque não existe uma história, trama ou sinopse para o game acontecer. O jogador é simplesmente jogado em um pequeno menu e pronto, pode ir direto para a batalha ou estudar os comandos no menu de tutorial, podendo também escolher o personagem genérico que mais achar interessante e dar partida no jogo.
Lançar bombas!
NHH2 lembra bastante Overcooked!, onde cada processo é dividido em partes específicas que se completam. No caso de NHH, devemos defender nosso castelo das hordas com nossa artilharia (a princípio, temos à disposição um canhão ou um estilingue, podendo comprar novas armas com o passar do jogo). Com o canhão, por exemplo, é preciso pegar carvão e pólvora, levar os dois ao fogão e aprimorar para que a matéria seja útil, prestando atenção para não queimar e virar lixo. Mas não basta apenas ter a matéria e não saber como usar.É possível angular o canhão para tiros próximos (destinados, principalmente, à infantaria de frente e ogros, porém, para estes, precisa-se aprimorar ainda mais a munição) e distantes (acertando tropas que estão chegando ou arqueiros que ficam um pouco longe dos portões). Por fim, usar as armas e cozinhar o equipamento os desgasta, deixando sujeira e os inutilizando, precisando de manutenção. É um modus operandi interessante e divertido, especialmente com mais gente jogando.
NHH2 tem opções para jogar sozinho e em coop, seja online ou local. Não encontrei muitos lobbies online, mas pude jogar com meus irmãos para testar o coop e foi o melhor tipo de caos organizado para manter a diversão. As tarefas se misturavam, porém mantivemos uma atividade efetiva e progredimos pelas hordas, ganhamos moedas e melhoramos as defesas do castelo. Sozinho, o jogo funciona, porém é bem mais cansativo e frustrante ter que coordenar tudo por sua conta.
Bater em retirada!
Em questão de performance, No Heroes Here 2 roda muito bem, praticamente começando no instante em que acessa o jogo e sem carregamentos, apenas para iniciar a rodada, mas é o típico “carregamento para se preparar”. O jogo também está com opção em português brasileiro, o que é sempre um agrado maior.O maior defeito de NHH2, ao final do dia, está justamente em sua simplicidade. É impressionante que a Mad Mimic tenha conseguido traduzir a premissa 2D em 8-bits do título original em um pequeno título 3D isométrico, porém é perceptível que a técnica de modelagem precisa de melhoras. Eu testei o jogo tanto no Switch quanto no Switch 2 e, em ambos, notei o quão artificial o jogo parece, seja na falta de variedade de inimigos, cenários repetidos e tracejado malfeito, mostrando um pouco de amadorismo e falta de acabamento.
Não apenas nos modelos, mas também na interface, como caixas de textos que se sobrepõem como mostrado na imagem abaixo, deixando confuso qual botão apertar para confirmar ações. Mais de uma vez, pela simplicidade da interface, eu imaginava que deveria apertar o botão para baixo do dpad, não o botão B. Outro detalhe que aparenta um certo descuido é o áudio, com uma trilha sonora limitada e que fica irritante com o loop constante, sem falar do quão silencioso o jogo é em questão de efeitos sonoros. Enquanto jogava sozinho, se eu não estava começando a ficar entediado, sentia que estava jogando uma demo de algum game de celular bem barato, daqueles que copiam outros títulos, como Clash of Clans. É também estranho que o título não ofereça qualquer interação touch, considerando que o recurso poderia ajudar muito na administração do caos.
“É pesada e solitária a cabeça daquele que usa a coroa.”
No Heroes Here 2 é, definitivamente, um jogo que existe. Ele não tenta reinventar o gênero, mas cumpre com sua proposta. Jogar com amigos é extremamente divertido e é o grande foco dele.No entanto, o desastre de coordenar tudo sozinho e a visibilidade de sua simplicidade e carência por propósito fazem deste um título difícil de recomendar ou até mesmo citar como exemplo em discussões sobre jogos nacionais, sendo ofuscado por Mark of the Deep ou pelo título anterior. No final do dia, é um castelo a se proteger, trabalhar pelas moedas e só.
Prós
- Coop bem divertido;
- Excelente performance, sem carregamentos ou engasgos;
- Localizado em português brasileiro;
- Controles que respondem bem;
- Sistema de defesa inteligente e elaborado, mas sem ser complexo.
Contras
- Direção sonora malfeita, praticamente sem efeitos sonoros e músicas ruins;
- Visuais genéricos e com sensação de mau acabamento;
- Jogar sozinho começa divertido, porém entedia rapidamente;
- Lobbies online vazios;
- Ausência de recursos touch.
No Heroes Here 2 — PC/PS5/PS4/XSX/XBO/Switch — Nota: 6.0Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Alessandra Ribeiro
Análise produzida com cópia digital cedida pela Mad Mimic