O convencido Wario já teve sua era de ouro nos consoles da Big N: a série Wario Land teve seis lançamentos entre 1994 e 2008 (se contarmos Wario: Master of Disguise, são sete), e sempre foi aclamada como uma das séries de plataforma 2D mais completas do mundo dos games. Atualmente, porém, o bigodudo tem tido suas aparições limitadas a sua peculiar série de microgames, WarioWare (como nos mais recentes WarioWare: Get It Together! e WarioWare: Move It!), e aos spin-offs da franquia Super Mario.
Apesar dos lançamentos dos últimos anos, muitos fãs lembram com carinho das aventuras 2D de Wario, e a última delas sacudiu as televisões e os controles do Wii em 2008: Wario Land: Shake It! usou e abusou dos famosos controles de movimento do console e trouxe o bigodudo de volta à ativa depois de quase uma década sem um novo Wario Land. Segure firme, pois Wario vem aí!
Uma jornada atrás de tesouros de outra dimensão
A aventura já começa com rostos conhecidos: a ladra Capitã Syrup, velha rival de Wario, rouba um misterioso globo que está exposto em um museu. Dentro do objeto, se encontra a Shake Dimension, local onde o violento Shake King está tocando o terror: o vilão rouba um tesouro lendário conhecido como Bottomless Coin Sack (algo como “saco de moedas sem fundo”, em tradução livre), aterroriza a tribo dos pacíficos Merfles e sequestra a governante dos pequenos elfos, a princesa Merelda.
Mas onde Wario se encaixa em tudo isso? Bom, a esperta pirata envia o globo pelo correio para o rival de Mario, com um bilhete avisando que o interior do objeto está repleto de tesouros. E claro que Wario não ia perder essa chance: depois de uma rápida conversa com o único Merfle que conseguiu escapar da tirania do Shake King (e que implora pela ajuda do bigodudo), mergulhamos no globo e começamos uma nova aventura em Wario Land: Shake It!.
No título, exploramos os cinco continentes encontrados na Shake Dimension. Como de costume, eles apresentam cenários variados: desertos, ruínas, vulcões, florestas e geleiras são alguns dos temas de cada nível. A missão de Wario é simples: em cada fase, precisamos encontrar um Merfle preso, libertá-lo e voltar correndo para o início do nível (como acontece em outros títulos da série). E, claro, pegar a maior quantidade de dinheiro e tesouros possíveis no caminho também é essencial!
Sacudindo tudo ao melhor estilo Wario
Como comentei, Shake It! se apoia muito nos controles de movimento do Wii Remote. O título do jogo já deixa bem claro: o objetivo aqui é sacudir tudo o que vemos pela frente. Quando sacudimos o controle, Wario sacode sacos de dinheiro para pegar as moedas contidas neles, sacode inimigos para atordoá-los, se balança em barras para pular mais alto, soca o chão com um poderoso golpe que causa um terremoto, e por aí vai. O Wii Remote também pode ser inclinado para mirarmos onde os inimigos sacudidos serão arremessados ou para onde o próprio Wario será atirado de um canhão.
Apesar do foco na jogabilidade cheia de sacudidas, o título ainda mantém uma fórmula relativamente tradicional da série Wario Land: além da estrutura das fases (exigindo que o jogador retorne ao começo do nível para finalizá-lo), várias ações clássicas do bigodudo retornam: Wario pode segurar itens e inimigos para arremessá-los, usar sua icônica investida com os ombros e atingir o chão com um poderoso salto bomba.
Dessa forma, o jogo acabou unindo o útil ao agradável: a fórmula tradicional recebeu algumas novas adições, mas as aventuras de Wario continuam marcantes como antigamente — os inimigos e chefões são criativos e exploram o arsenal de ações do bigodudo, as fases escondem diversos segredos e tesouros, e controlar Wario nunca foi tão intuitivo. Isso tudo com um visual impecável, acompanhado de uma trilha sonora excelente, que merece um tópico próprio.
Um estilo próprio para o bigodudo mais ganancioso dos games
O visual de Wario Land: Shake It! é um espetáculo à parte: o jogo conta com animações, cenários e cutscenes completamente desenhados à mão. O resultado é uma aventura que poderia ser tranquilamente adaptada para a televisão, num estilo que lembra a estética dos animes do início dos anos 2000. Nem mesmo Mario recebeu um título com o mesmo tratamento e estilo: Wario saiu ganhando e estrelou um jogo que merece palmas pelo aspecto visual.
A trilha sonora também surpreende, e não é para menos — é assinada por Minako Hamano, compositora que trabalhou em Mario Kart: Super Circuit, Wario World e nos aclamados Donkey Kong Country Returns e Donkey Kong Country: Tropical Freeze (ao lado do lendário David Wise). Não tinha como a trilha de Shake It! não ser marcante; até hoje me pego assobiando algumas músicas de determinados níveis. Quem diria que Wario, com seu jeito grosseiro e convencido, teria uma aventura tão bem representada no visual e na trilha sonora, que conseguiu ficar no mesmo nível de seus antecessores?
O futuro pode ser brilhante como moedas de ouro
Ao contrário de outros títulos de séries da Big N que acabaram abandonados por uma recepção ruim do público, Wario Land: Shake It! recebeu muitas críticas positivas, firmando-se com uma nota média de 78 no Metacritic. A dificuldade, bem como o visual e o level design, receberam inúmeros elogios dos jogadores e da crítica especializada. Dito isso, fica a pergunta: por que Wario não teve seu retorno triunfal aos jogos 2D até hoje?
Uma possível resposta seria que a Nintendo já tem uma boa coleção de séries focadas no gênero plataforma (além do próprio Mario, claro): as séries Yoshi, Kirby e Donkey Kong vêm à mente quando pensamos no gênero. Por outro lado, estamos vivendo num período em que a Big N parece estar trabalhando no grande retorno de séries pouco representadas: Metroid Prime 4: Beyond, por exemplo, será lançado ainda este ano, depois de um longo período de espera.
Mas o exemplo mais recente (e provavelmente o mais consistente) que poderia nos dar uma pequena dose de esperança quanto ao retorno da série Wario Land é Donkey Kong Bananza: o gorilão voltou ao 3D depois de mais de vinte anos longe do gênero — isso sem contar que seu último jogo original, Donkey Kong Country: Tropical Freeze, havia sido lançado há mais de uma década, no Wii U.
Sendo assim, pessoalmente, fico esperançoso: quem sabe Wario Land não retorna, finalmente, no Nintendo Switch 2? Wario já mostrou que se vira muito bem em 2D, 3D e que não tem competição quando o assunto são microgames. Wario Land: Shake It! mostrou que é possível combinar o que torna os jogos clássicos da série tão icônicos com novas mecânicas e visuais, resultando num pacote memorável estrelado pelo bigodudo. Por aqui, torcemos para o retorno de Wario, com direito a muitos tesouros, pancadaria e cabeças de alho.
E você, leitor? Gostava dos controles de movimento do título? Acha que veremos um novo Wario Land no Switch 2? Conte para a gente nos comentários.
Revisão: Cristiane Amarante










