Análise: Metroid Prime 4: Beyond Nintendo Switch 2 Edition combina exploração, desafio e impacto visual

A nova jornada de Samus expande a fórmula clássica com mundo aberto, desafios intensos e uma direção de arte memorável.

em 02/12/2025

Depois de tantos anos de espera e adiamentos, Metroid Prime 4: Beyond finalmente pousa no Nintendo Switch — tanto no modelo original quanto no Switch 2. A nova aventura de Samus Aran nos leva ao misterioso planeta Viewros e, de cara, já fica evidente que a franquia passou por uma mudança de abordagem. Samus não está mais tão sozinha? Metroidvania em mundo aberto? Se você é fã de longa data ou está chegando agora, venha comigo nessa viagem interplanetária para entender o que Beyond realmente entrega.

Perdidos, mas não por acaso

Beyond pode ser jogado sem que o jogador tenha finalizado os títulos anteriores. Ele inicia uma nova história, então fique tranquilo: a porta de entrada é totalmente acessível.

A aventura começa com a Federação Galáctica sendo atacada por Sylux (um antigo inimigo) e seu exército de Piratas Espaciais. A federação acredita que eles estejam sob influência de Metroids capazes de se fundir a outras formas de vida, conectando mentes e criando uma ameaça sem precedentes. Temendo o pior, o quartel-general convoca Samus, que estava em uma missão próxima.

Na tentativa de proteger um artefato valioso, Samus acaba envolvida em uma explosão de luz causada por um golpe de Sylux, que acerta o objeto por engano. Quando desperta, a caçadora se vê em uma instalação completamente inédita: a imponente Cronotorre.

Explorando o local, Samus encontra tecnologias capazes de trazer o contato com os seres nativos — os lamornianos — que explicam que ela está no planeta Viewros e que sua chegada era esperada. Eles lhe concedem parte de seus poderes psíquicos e pedem ajuda para livrar o mundo dos Grievers, criaturas que atacam qualquer forma de vida. Para sair do planeta, Samus precisará reunir cinco chaves espalhadas por Viewros e retornar à Cronotorre. É o início de mais uma jornada cheia de mistérios e descobertas.

Metroidvania em mundo aberto

Viewros é rico em criaturas alienígenas, biomas perigosos e regiões amplas. Os Grievers te perseguem sem descanso, mas não são a única ameaça: seres alados, organismos vegetais, máquinas hostis e perigos ambientais te lembram o tempo todo de que esse não é um planeta amigável.

O mapa tem um bom tamanho e traz áreas distintas — incluindo um grande deserto que você cruza utilizando a estilosa Vi-O-La, uma motocicleta obtida cedo na campanha. Contudo, apesar de funcional, o mapa pode parecer um pouco vazio, com poucos pontos de interesse e puzzles espalhados de forma moderada. Há, sim, desafios, mas faltam microáreas adicionais para equilibrar a travessia pelo deserto, que pode se tornar repetitiva.

Como todo bom Metroid, Beyond oferece bastante backtracking, puzzles criativos e muitos segredos. A lore é contada de forma envolvente através de scans, algo que sempre foi um charme da série Prime. Inclusive, algumas escolhas narrativas lembram Other M, no bom sentido.

O mundo aberto funciona mais como um "sandbox" conectado, no qual portas, áreas e caminhos só se tornam acessíveis conforme você avança e adquire novos upgrades. Isso te incentiva a explorar, revisitar regiões e buscar aquela melhoria opcional — ou necessária — para a progressão. Beyond faz isso de forma impecável, tornando o ato de revisitar áreas empolgante ao invés de cansativo.

Sozinha… mas nem tanto

A franquia sempre flertou com a solidão como elemento atmosférico. Mas, como visto nos trailers, Samus não está totalmente sozinha desta vez. Alguns soldados da Federação também foram teletransportados para Viewros e ajudam em determinados momentos com informações, suporte e até participação em missões.

O equilíbrio funciona muito melhor do que em Other M. Você continua se sentindo isolado na maior parte das áreas principais, mas há momentos em que as interações trazem mais vida e dinamismo à campanha. Os personagens, apesar de alguma controvérsia em previews, mostram-se carismáticos e funcionam dentro da proposta.

Por outro lado, há um detalhe incômodo: o engenheiro da Federação insiste em perguntar se você está perdido quando você decide explorar o deserto por conta própria ou procurar recursos. Não é algo constante, mas acontece o suficiente para incomodar. Em uma ocasião, ele ainda indicou uma localização errada para um upgrade obrigatório, o que me fez perder mais de duas horas vasculhando a área. Nada grave — mas quebra a imersão.

Contemplando a riqueza de Viewros

Visualmente, Beyond é um dos jogos mais impressionantes do ano. Depois de jogar títulos como Cyberpunk 2077: Ultimate Edition, Donkey Kong Bananza, Persona 3 Reload e Star Wars Outlaws, é fácil colocar Metroid Prime 4 entre os mais belos dessa era.

A alta resolução, a densidade dos cenários e a riqueza visual da flora e fauna são destaques absolutos. A direção de arte acerta em cheio: ambientes claustrofóbicos contrastam com áreas abertas, como o maravilhoso Furor Virente e sua árvore sagrada — um local tão belo que me fez parar repetidas vezes apenas para apreciar.

Os poderes psíquicos têm uma identidade visual própria, elegante e bem comunicada. A cultura dos lamornianos é expressiva e bem desenvolvida. As animações da Federação são carismáticas e a dublagem é competente — ainda que não exista dublagem em PT-BR. Pelo menos, a legenda brasileira é bem adaptada.

A trilha sonora é outro show à parte: intensa nos momentos de tensão, poderosa nos chefes e suave durante a travessia do deserto.

A caçada

Viewros é hostil do começo ao fim, exigindo que Samus evolua sua Power Suit e que o jogador entenda bem cada nova habilidade apresentada. O desafio é constante, e os inimigos têm padrões variados — alguns desviam de tiros carregados, outros usam escudos, alguns te surpreendem ou te encurralam.

Os puzzles são variados e exigem atenção ao cenário, e os chefes testam sua paciência e precisão. Em uma batalha específica, fiquei cerca de trinta e cinco minutos até descobrir a brecha ideal — e foi extremamente recompensador.

As habilidades se dividem entre o canhão, a Power Suit, a Morfosfera e a Vi-O-La, todas bem explicadas e organizadas no menu. O desvio com mira travada (duplo toque no B) é um dos recursos mais úteis e será seu melhor amigo ao longo da jornada.

Extras interespaciais

Metroid Prime 4: Beyond: Nintendo Switch 2 Edition oferece boas opções de acessibilidade e estilos de jogo:
  • Modo Qualidade: 4K/60fps na dock — 1080p/60fps portátil;
  • Modo Desempenho: 1080p/120fps na dock — 720p/120fps portátil;
  • HDR ajustável para deixar as cores mais vibrantes.
Outro ponto que merece destaque é a variedade de modos de controle — algo que Beyond abraça muito bem. Logo de início, o jogo permite escolher entre diferentes formas de mira e movimentação:

O modo analógico é o clássico: você anda e mira usando os dois analógicos. Porém, caso esteja jogando com os Joy-Con desacoplados, ele pode alternar automaticamente para o modo “mouse”, bastando apoiar o Joy-Con direito em uma superfície para ativar um estilo de mira mais preciso.

Já o modo retícula combina giroscópio para mirar e analógico para movimentação, também alternando para o modo “mouse” sempre que necessário. Assim, você já começa com três opções distintas — além do tradicional uso do Pro Controller, ou dos Joy-Con acoplados ao portátil ou a base que simula um controle único.

O melhor de tudo é que a transição entre analógico, retícula e mouse é rápida, intuitiva e totalmente natural, permitindo ajustar o gameplay ao seu estilo sem qualquer atrito.

Os amiibo também adicionam recursos extras divertidos:
  • Samus & Viola: personalização da moto, ver a distância percorrida e boost diário;
  • Samus (MP4): trilha sonora especial, escudo de 99 de dano e cura total uma vez ao dia;
  • Sylux: libera versões completas dos vídeos secretos após zerar e atingir 100% de scan rate e coleção de itens;
  • Amiibo de Metroid, Samus, Ridley e Dark Samus liberam efeitos sonoros colecionáveis.

O passeio por Viewros

Metroid Prime 4: Beyond Nintendo Switch 2 Edition é uma evolução ousada e competente da franquia, misturando elementos clássicos com um mundo aberto que, apesar de ter seus momentos de vazio, recompensa o jogador com desafios intensos, exploração rica e uma construção de mundo excepcional. A narrativa intrigante, a direção de arte de cair o queixo e o equilíbrio entre solidão e companhia fazem desta uma das melhores aventuras de Samus Aran.

Mesmo com pequenos tropeços — como orientação inconsistente de NPC e trechos repetitivos no deserto — Beyond entrega exatamente o que os fãs esperavam: uma jornada épica, difícil, recompensadora e cheia de identidade. É um retorno triunfal da caçadora mais famosa da galáxia, com tudo o que faz Metroid ser… Metroid.

Prós

  • Exploração recompensadora com mundo aberto interligado e cheio de segredos ao estilo Metroidvania;
  • Direção de arte impecável, com cenários densos, biomas vibrantes e efeitos psíquicos marcantes;
  • Desafio equilibrado, com inimigos variados, chefes criativos e puzzles inteligentes;
  • Trilha sonora inspirada, alternando entre tensão, mistério e contemplação;
  • Opções de controle excelentes, incluindo mira analógica, giroscópio e modo “mouse” superintuitivo;
  • Backtracking muito bem implementado, tornando revisitas empolgantes;
  • Acessível para novatos, mesmo sem ter jogado os títulos anteriores.

Contras

  • Deserto grande, mas pouco denso, podendo gerar sensação de repetição;
  • NPC guia inconsistente, indicando o caminho errado quebrando a imersão;
  • Sem dublagem em PT-BR, apenas legendas.
Metroid Prime 4: Beyond Nintendo Switch Edition 2 — Switch/ Switch 2 — Nota: 9.5
Versão utilizada para análise: Nintendo Switch 2
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo
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Leandro Alves
Leandro Alves é designer gráfico formado e especialista em Design Estratégico pela Unicarioca, além de UX Designer com formação pela ESPM e pela escola britânica Design Institute. Diretor Geral, Diretor Editorial e Diretor de Arte das revistas GameBlast e Nintendo Blast, iniciou sua paixão por videogames com The Legend of Zelda: A Link to the Past. Fã da Nintendo, mas sem esconder sua admiração pelo PlayStation, tem como séries favoritas Kingdom Hearts, Pokémon, Splatoon, The Last of Us, Uncharted e Xenoblade Chronicles. Está no Instagram e Twitter.
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