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Análise: Kirby: Triple Deluxe (3DS) é o que a bolinha rosa precisava

Conheça a nova aventura de Kirby no 3DS e entenda como a série encontrou seu ápice com uma boa dificuldade, uso dos recursos do console e uma diversão digna da franquia.

As franquias da Nintendo costumam ter suas assinaturas. Zelda sempre mostra aventuras épicas, Metroid é recheada de ação constante e Kirby sempre foi conhecido por ser fofo, bonito e pouco difícil. As últimas iterações da franquia também não mostravam que isso tendia a mudar, mas Kirby: Triple Deluxe (3DS) chegou para quebrar essa crença. Tá, ele continua muito fofo, é um jogo muito bonito e às vezes pode parecer fácil… mas só às vezes! Tudo bem, é mais fácil explicar isso indo por partes.

Kirby e o Pé de Feijão

...Seis patas?
Mais um dia comum e normal em Dreamland se passava, até que um colossal pé de feijão brotou da terra e ergueu casas e castelos até os céus, incluindo a moradia da bolota rosa. Kirby, sem entender o que raios estava acontecendo, imediatamente começou a escalar a estrutura e encontrou o castelo de seu arqui-inimigo, King Dedede, sendo invadido por uma criatura semelhante a uma aranha. O ser chamado Taranza não teve dificuldades em derrubar cada obstáculo em seu caminho até capturar o rei pinguim, fugindo pelo vegetal gigante. Inocente como sempre, o caminho parece óbvio para o pequeno Kirby.

História sempre foi um ponto curioso da franquia, pois ela nunca é narrada diretamente ao jogador. Não temos textos, diálogos e mensagens; a maior parte da narrativa é transmitida diretamente pelas expressões dos personagens, e só conseguimos captar a verdade por trás das ações dos carismáticos membros dessa história quando tudo começa a se encaixar perto do desfecho. O fato é que a história é um mero detalhe do jogo, mas de certo torna a experiência toda bem mais proveitosa.

Beetle é um dos novos
poderes de Kirby!
Então temos a jogabilidade. Caso você nunca tenha jogado nenhum título da franquia, saiba que é uma aventura em estilo plataforma que tem como foco a capacidade de Kirby de devorar e absorver tudo que encontra, como um buraco negro rosado e fofo. Seu poder de sucção é fundamental para superarmos diversos desafios do jogo. Ao sugar um inimigo, pressionando o botão para baixo, é possível utilizar o poder que dele foi absorvido até que Kirby receba um ataque. Com isto, a ação do botão de sucção é substituída por um movimento ofensivo baseado no poder absorvido do oponente.

A outra peça fundamental da jogabilidade de Kirby é que a bolinha rosa é capaz de voar, um dos fatores que torna o jogo extremamente simples. Uma das maiores dificuldades dos jogos em plataforma é superar os buracos e abismos com saltos precisos, e o poder de voar sempre tira essa dificuldade. Isso é bem nítido nas primeiras fases, porém, conforme o jogo se desenvolve, o jogo revela sua verdadeira face e mostra que nem tudo é bonitinho e calmo nas aventuras da bolota devoradora.

Jogando com profundidade

Quando se mover para todas as direções da fase indiscriminadamente é algo possível, a forma de se elevar a dificuldade é colocando problemas em todos os lados. Porém, essa curva de dificuldade se desenvolve de forma sutil, então você mal vai perceber quando houver oponentes em todas as direções, pois já lidará com eles com certa facilidade. Vez ou outra isso pode te surpreender, mas nunca é nada absurdo. O que importa nisso tudo é que o jogo não é tão fácil quanto se imagina.


Além disso, os desenvolvedores parecem ter aprendido com Donkey Kong Country Returns (Wii) e sua versão para 3DS, pois uma das mecânicas mais bem usadas no título é a viagem entre diferentes profundidades da tela. As Warp Stars, estrelas que servem para mover Kirby por longas distâncias, constantemente fazem ele viajar entre mais longe e mais perto da perspectiva do jogador. Combine isso com um visual extremamente convidativo e um ótimo uso do efeito 3D e começamos muito bem.
Hora do Pinguim: após a conclusão da história principal, um modo chamado Dedede Tour! é liberado. Jogando por ele, temos uma releitura das fases no controle do eterno oponente de Kirby, King Dedede! Seus poderes se assemelham aos de Kirby quando sob efeito do poder Hammer, mas com alguns adicionais, já que este personagem é um pouco maior e difícil de controlar. Para fechar, todos os chefes possuem uma dificuldade maior, então é o derradeiro desafio para quem achou o jogo fácil demais!
Mas não somente o 3D foi bem utilizado no 3DS. Praticamente todas as funções do aparelho foram bem aproveitadas, como por exemplo a função do giroscópio, que é usada em algumas seções em que precisamos controlar Kirby indiretamente — como quando se cai em um recipiente com água e a movimentação do console remove o líquido, ou como quando precisamos mover um teleférico entre determinados pontos do mapa. A presença de colecionáveis durante a campanha também ajuda a estender a vida útil do jogo.
Colecionador de chaveiros: um dos tipos de colecionáveis do jogo está na forma de chaveiros que podem ser encontrados na aventura principal, mas essa não é a única forma de adquiri-los. Ainda na vibe de aproveitar-se das funcionalidades do 3DS, é possível conseguir novos chaveiros trocando três Play Coins por um chaveiro. Você pode fazer cinco trocas por dia, então carregue suas moedas e compete sua coleção!
Por fim, precisava comentar sobre a habilidade exclusiva desse jogo chamada Hypernova. Este poder único dá ao protagonista um poder de sucção muito maior do que o já visto em qualquer outro jogo da série, tornando-o um verdadeiro buraco negro ambulante capaz de deformar o cenário só de abrir a boca. Este poder, contudo, é usado muitas vezes mais para resolver desafios do que no combate em si, mas saiba que terá de contar com ele muitas vezes.
Quando você achou que ele não podia ficar mais assustador...
Apesar de tantos elementos de gameplay, a campanha do jogo é relativamente rasa. A dificuldade pode ser uma evolução, mas ainda pode não impressionar alguns jogadores. Felizmente, o jogo tem bem mais a oferecer e Kirby ainda tem algumas cartas na manga, mesmo não usando camisa alguma.

Em ritmo de combate

Além da aventura que é foco do jogo, Kirby: Triple Deluxe traz consigo três outros subjogos para entreter. Cada um com um tipo de público diferente, muitas vezes você ficará brincando mais com esses joguinhos do que na campanha, já que oferecem desafios bem mais curiosos e específicos, dependendo do seu gosto.

Pulando no ritmo!
O primeiro deles é o Dedede’s Drum Dash, um jogo rítmico onde o jogador assume o controle de King Dedede enquanto este salta de tambor em tambor. Como todo jogo rítmico, é preciso pressionar os botões certos na hora certa, então é um minigame de paciência, coordenação e apreciação à musicalidade da situação. O diferencial deste modo é que ele consome as duas telas como uma só, deixando a jogabilidade bem mais fluida.

O segundo subjogo se chama The Arena, e é bem recorrente na franquia. Conhecido muitas vezes como “Boss Rush” em outros jogos, este modo de partida envolve enfrentar aleatoriamente todos os chefes e subchefes da campanha (exceto os dois finais) enquanto se usa um dos muitos poderes disponíveis no jogo. Entre os confrontos é possível trocar seu poder por um dos que aparecem aleatoriamente, e o objetivo é vencer no menor tempo possível. Sua vida está acabando? Cinco recuperações completas lhe são garantidas, mas depois fica por sua conta!
O verdadeiro desafio: após concluir o jogo no modo Dedede Tour, uma variação do The Arena, chamada The True Arena, ficará disponível. Jogando aqui, Kirby precisará enfrentar as versões mais fortes dos chefes em ordem aleatória, exceto pelos últimos quatro. Se você conseguir vencer essas intensas batalhas, irá de encontro a uma grande surpresa que só é possível encontrar superando o maior dos desafios. Está pronto para essa aventura?
O terceiro e último modo se chama Kirby Fighters, mas poderia ser renomeado para “Super Smash Bros.: Kirby Edition” sem nenhum problema. O jogo envolve um confronto entre diversos Kirby de várias cores selecionando poderes dentre dez disponíveis num teste de quem é o mais forte. É possível jogar esse modo tanto sozinho como com outros três jogadores num multiplayer incrível. A função Download Play está disponível aqui, mas jogadores que não possuam o título só podem escolher dentre os poderes Sword e Cutter. Uma pena.

Uma versão definitiva

Chegou a hora de
Kirby brilhar!
No fim das contas, Kirby: Triple Deluxe serviu justamente para o que se propunha a oferecer: um jogo de Kirby em que pudesse se aproveitar ao máximo as capacidades do console em que chegou. O título não fez grandes promessas, não fez alardes, e por isso cumpriu com cada expectativa dos jogadores e ainda surpreendeu em alguns pontos.

Seus pontos negativos são pequenos perante a obra completa. Aqui temos o que parece ser a versão definitiva dos jogos da franquia, com um grau aceitável de dificuldade, uma jogabilidade inteligente e ótimos recursos para estender o seu uso. Pode até ser que ele não tenha grandes inovações ou mudanças chocantes, mas é justamente o que a bolinha rosa precisava.

Prós

  • Jogabilidade que explora bem as funções do 3DS;
  • Muita beleza somada a um ótimo efeito 3D;
  • Os conteúdos extras ampliam muito a vida útil do jogo;
  • The True Arena é um desafio digno de jogadores hardcore.

Contras

  • Apesar da dificuldade ter melhorado, a campanha pode não surpreender alguns jogadores;
  • O vilão é baseado em uma aranha, mas tem apenas seis pernas. Isso é inaceitável.
Kirby: Triple Deluxe — Nintendo 3DS — Nota: 9.0
Revisão: Samuel Coelho
Capa: Diego Migueis

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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