De geração em geração, relembre os menus dos consoles da Nintendo

Cada um deles contou com características e recursos específicos que fizeram de cada aparelho único.

Com o presságio tecnológico, os videogames deixaram de ser simples máquinas processadoras de cartuchos e CDs para se tornarem complexas plataformas multimidiáticas, capazes não apenas de rodar nossos amados joguinhos, mas também de funcionarem como verdadeiros assistentes pessoais que oferecem suporte para a reprodução de áudio e vídeo, por exemplo, além de servirem como um dos pontos possíveis de acesso à internet em uma residência.


Dessa forma, essas novas funções que os videogames passaram a assumir como principal fornecedor de entretenimento nos lares do mundo precisaram ser graficamente exibidas de uma forma estruturada. Foi para isso que espécies de sistemas operacionais passaram a ser desenvolvidos e implementados: organizar esses múltiplos novos recursos, bem como deixar brechas para que novos possam ser inseridos.

Vamos então nos aventurar pelo túnel do tempo e conhecer mais um pouco das interfaces oferecidas pelos aparelhos da Nintendo ao longo das gerações?

Gamecube

Bem mais precário do que os menus dos sistemas que conhecemos hoje, o Gamecube, quando iniciado, já oferecia uma interface para o usuário. Um belo cubo tridimensional era exibido na tela e próximo de cada uma de suas arestas estavam as quatro opções possíveis de serem escolhidas ao selecionar a direção desejada no analógico esquerdo.


Pressionando-o para baixo, o gerenciador dos Memory Cards pode ser acessado. Nele são listados os saves dos games jogados no aparelho, além de outros arquivos, como as snapshots de Super Smash Bros. Melee (GC) ou os registros dos ghosts de Mario Kart Double Dash!! (GC), por exemplo.


Apertar o analógico para o lado direito faz o menu exibir um relógio com a hora certa e a data. No lado esquerdo estão as configurações do console, como as opções de som, posição da tela e idioma da interface. Os jogos, por sua vez, são acessados apertando o botão para cima.

Nintendo DS

O Nintendo DS já contava com um menu um pouco mais robusto. Com um visual bem clean em relação ao tema escuro do GC, o DS exibia um relógio e um calendário na tela superior. Na inferior, havia quatro opções básicas: o Pictochat, o DS Download Play, o Game Boy Advance Game Slot e o Nintendo DS Slot.

Os dois slots em questão eram os botões de acesso aos games inseridos em cada uma das entradas do aparelho. Enquanto no referente ao DS aparece o nome do jogo correspondente e seu ícone, o do GBA simplesmente avisa que há um cartucho reconhecido inserido no slot de baixo e que pode ser jogado.
O Pictochat é um recurso do sistema em que até dezesseis usuários de DS poderiam se comunicar através de salas de chat que suportavam tanto texto escrito quanto desenhos feitos na tela de toque. Apesar de não ser extremamente popular quanto, bem, os próprios games do aparelho, é notável como o singelo aplicativo acabou se tornando um estágio em Super Smash Bros. Brawl (Wii).

O DS Download Play, por sua vez, era por onde os jogadores poderiam utilizar os games que têm suporte multiplayer com um só cartucho. Mario Kart DS e The Legend of Zelda: Phantom Hourglass (DS), por exemplo, são jogos com tal característica.

É através do menu onde o jogador também regulava a intensidade do brilho da tela e programava o despertador embutido no sistema, que funcionava até mesmo com o console fechado. As configurações também eram acessadas através de um iconezinho central na extremidade inferior do ecrã. É nesse painel que é possível selecionar qual é a cor de destaque do menu principal, bem como registrar o nome do usuário que fica exposto no canto superior esquerdo da tela, numa mesma barra onde fica o indicador de bateria — este no canto direito.

Wii

É possível dizer que o Wii foi o primeiro console realmente multimídia da Nintendo, apesar de o DS já oferecer alguns recursos que vão além dos próprios games. A interface principal que aparecia após a mensagem de segurança logo ao ligar o console era uma grade que dispunha os vários canais do console.

O Disc Channel, o responsável por acessar o CD de Wii ou GC inserido no aparelho era o primeiro e fixo, enquanto todos os outros poderiam ser reorganizados. Embutidos no sistema também vieram o Mii Channel, em que os Miis, os bonequinhos avatares que poderiam ser utilizados em vários jogos eram criados e armazenados; o Forecast Channel e o News Channel, que exibiam em tempo real o tempo e as notícias do dia, respectivamente; o Photo Channel, capaz de acessar as fotos do cartão SD e exibi-las na tela como um mural virtual; e o Wii Shop Channel, a loja virtual do Wii.



Os games comprados nos serviços do Virtual Console e do WiiWare também apareciam na forma de canais. Outros aplicativos também estavam disponíveis na loja, como o navegador de internet; o Nintendo Channel, que trazia notícias, demos de jogos não só de Wii, mas de DS também, e analisava os saves armazenados na memória do aparelho para traçar um perfil do jogador; o Everybody Votes Channel, um canal em que o usuário passava seu tempo respondendo a uma série de enquetes aleatórias; e o Check Mii Out Channel, no qual era possível compartilhar os Miis criados e baixar outros.

O Wii Message Board é acessado através do botão com um envelope no canto inferior direito da tela. Por ele, era possível enviar e receber mensagens de outros usuários do Wii, bem como checar o tempo em que cada jogo ou aplicação foram utilizados por dia no console. Nota-se que esse recurso, bem como vários outros que exigem a internet, já foram descontinuados.


Por fim, ao lado do botão de configuração do console, no canto esquerdo da tela, está um botãozinho no formato de um cartão de memória. Implementado apenas na atualização 4.0 do sistema, em março de 2009, ele funciona como um segundo menu virtual cujas aplicações são carregadas diretamente do SD e serviu como solução para os aparelhos cuja memória interna estivesse muito cheia.

Como já é de praxe, o menu também exibe o horário e a data do dia.

Nintendo DSi

A interface do DSi é um verdadeiro protótipo da que chegou à versão final do Nintendo 3DS. Nela, os vários aplicativos podiam ser acessados através de um menu horizontal deslizante. A tela superior exibia fotos como uma forma de promover a principal novidade do aparelho: a câmera fotográfica. Além disso, uma loja virtual e um tocador de música também foram implementados para fazer companhia aos veteranos Pictochat e Download Play. Um navegador de internet também podia ser baixado na loja.

O problema principal de tais aplicações é o suporte exclusivo a formatos de baixa qualidade. O tocador de áudio — que também acompanha um gravador e editor — só suporta o formato AAC, por exemplo. O visualizador de fotos, por sua vez, só suportava as que foram tiradas no próprio aparelho.


Os ícones de slot do cartucho e o de opções também ficam disponíveis no mesmo menu. Um indicador de bateria bem mais autoexplicativo do que o do DS — que funcionava a partir de cores que o próprio console já emitia na forma de luzinha — foi implementado ao lado do horário e da data.

3DS

O Nintendo 3DS traz em seu sistema a evolução natural da interface do DSi. A sua versão mais recente conta com um menu na tela inferior que pode ser igual ao do seu antecessor, com as aplicações bem grandes e dispostas em uma linha horizontal, ou ainda menores, em uma grade em que cada coluna suporta até seis ícones, dependendo da dimensão escolhida para eles. Para isso, basta utilizar os dois botões no canto superior direito da touch screen e fazer a sua própria regulagem.


É nela onde ficam os ícones de acesso do cartucho do jogo, da Nintendo eShop, do tocador de áudio (agora com suporte MP3), da câmera fotográfica, das configurações do console, do editor de Miis, do registro de atividades e outros softwares que já vieram embutidos com o sistema. Além disso, é também aonde vão parar as aplicações e jogos digitais baixados. Ainda é possível criar pastas para armazenar e organizar os ícones caso o menu fique muito bagunçado.



A tela de cima exibe qual é o aplicativo selecionado na tela inferior — isso geralmente através de um modelo tridimensional, aludindo à principal característica do console. A extremidade superior do ecrã também indica o horário, a data e a bateria, bem como a qualidade do sinal da internet e a quantidade de passos dados no dia contados pelo pedômetro do sistema. É na sua extremidade inferior onde aparece o aviso de atualização, caso disponível, para o software em questão.

Voltando à tela inferior, além dos ícones de aplicativos quadriculados de borda arredondada que podem ser reorganizados de acordo com a vontade do usuário, há cinco botões fixos referentes a aplicações multitarefa — isso significa que podem ser acessadas mesmo com algum outro software mais pesado rodando no plano de fundo.

A primeira é representada por um lápis e corresponde à capacidade do 3DS em tirar screenshots dos jogos e permitir que o jogador faça anotações em cima delas. A segunda é a Lista de Amigos registrados e a terceira é a que lista as notificações referentes às novidades da Nintendo, bem como os avisos referentes aos recursos de SpotPass e StreetPass inerentes ao console. O quarto botão, representado por um globo, é o navegador de internet, enquanto o quinto já é o ícone de acesso do falecido Miiverse.


No canto superior esquerdo da tela de toque é onde estão as configurações do menu. É lá onde é possível trocar o tema — seja ele gratuito, referente apenas à cor de destaque, seja ele pago, que contém ilustrações oficiais de background. Além disso, também é onde se regula a intensidade da luz do ecrã.

Wii U

O menu do Wii U é bem similar ao do 3DS. Ele é dividido em duas partes que podem ser alternadas ao toque do botão X do Gamepad. O menu principal em grade é bem similar ao do console portátil, com ícones quadriculados e de canto arredondado que podem ser reorganizados e armazenados em pastas. É nele onde ficam os botões de acesso ao jogo, às configurações, ao registro de atividade, ao criador de Miis, ao menu do console virtual de Wii e a qualquer outra aplicação baixada na eShop.


Fixos na extremidade inferior estão a Lista de Amigos, o descontinuado Miiverse, a Nintendo eShop, o navegador de internet, o painel de notificações e o gerenciador de Downloads. Antigamente também havia o ícone referente à TVii, um recurso que visava integrar numa única aplicação a TV a cabo e diversos serviços de streaming.

À esquerda de tudo isso pode estar um ícone que indique que há uma conexão USB, caso alguma esteja em andamento. No canto superior esquerdo do menu está um botão com o avatar do usuário, no qual é possível configurar o perfil conectado no momento.


A outra tela é WaraWara Plaza uma espécie de ágora que, funcionando em sua glória, era diretamente ligada ao Miiverse e mostrava em tempo real as reações dos jogadores, representados na forma de Miis, aos jogos e aplicações mais populares do aparelho. Desde que a rede social em questão foi descontinuada, o plaza agora mostra apenas os softwares padrão do console.

Switch

Depois de tantos sistemas complexos, o Switch acaba indo na contramão e optando pela simplicidade. Disponível em duas skins diferentes — clara e escura — as aplicações são dispostas na forma de um menu deslizante para os lados de maneira similar ao DSi e a uma das configurações possíveis do 3DS. Até doze ícones aparecem ordenados de acordo com a data de utilização, a partir do mais recente. Caso mais aplicativos estejam instalados na plataforma, um botão aparece ao final da lista original e dispõe, agora na forma de uma grade, todos os softwares nele registrados.


Abaixo dessa lista horizontal, estão os ícones referentes ao feed de notícias, que diz respeito às mais recentes novidades do mundo dos games e da própria Nintendo; à Nintendo eShop, sendo que a brasileira conta apenas com uma caixa para inserir os códigos referentes aos games comprados na loja virtual pelo computador; ao álbum de fotos, no qual ficam as screenshots e os vídeos gravados de gameplay, sendo também o local em que é possível enviá-los para as própria rede social; aos menus de configuração do console e dos controles; e ao botão que coloca o console em modo de descanso — algo que também pode ser feito no próprio aparelho.

O avatar do usuário fica no canto superior esquerdo e é clicando nele que se acessa a sua página de perfil. Lá é possível conferir o histórico de jogos utilizados, o seu Friend Code correspondente e a lista de amigos adicionados, além das configurações individuais do próprio jogador, como a imagem de destaque, o nickname e o e-mail registrado. O canto inferior esquerdo indica qual é o esquema de controle utilizado no momento, enquanto o superior direito exibe o horário, a porcentagem de bateria e a qualidade do sinal da internet.

Plataforma multimídia, plataforma de games.

O menu do Switch é certamente o mais precário de todos, se descontarmos o DS e o GC, que mal se propunham como plataformas de entretenimento diversificado. Isso ainda nos faz questionar se há ainda uma margem de desenvolvimento que permita a implementação de novos recursos, como um reprodutor de MP3 e vídeos a partir do cartão SD ou ao menos um navegador de internet que dê um suporte mobile completo a algumas das redes sociais mais populares, como o Facebook e o Twitter. Entretanto é interessante como essa objetividade da interface do maior xodó nintendista do momento carrega a ideia de que esse é um aparelho para jogar videogame, pura e simplesmente.

Analisando tudo isso, por fim, ainda assim é interessante como a Nintendo conseguiu trazer conceitos diversificados e próprios que se preocupam mais em proporcionar uma experiência singular que só ela se preocupa oferecer, como é o caso do Pictochat ou do DS Download Play.

Revisão: Luigi Santana

É jornalista formado pelo Mackenzie e pós-graduado em teoria da comunicação (como se isso significasse alguma coisa) pela Cásper Líbero. Tem um blog particular onde escreve um monte de groselha e também é autor de Comunicação Eletrônica, (mais um) livro que aborda história dos games, mas sob a perspectiva da cultura e da comunicação.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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