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Análise: Horizon Chase 2 (Switch) é um novo triunfo dos desenvolvedores brasileiros

Sequência amplia e evolui todos os aspectos do jogo original.

Jogos desenvolvidos no Brasil estão cada vez mais bem produzidos e conquistando seu lugar na indústria. O estúdio gaúcho Aquiris despontou mundialmente com Horizon Chase Turbo (Switch), uma homenagem a clássicos de corrida arcade como Top Gear (SNES) que, inclusive, contava com a trilha sonora do lendário Barry Leitch.


Após um DLC reverenciando o piloto Ayrton Senna, os desenvolvedores brasileiros estão de volta com Horizon Chase 2. Agora sob a batuta da Epic Games, a sequência traz de volta a sensação de velocidade que conquistou o mundo.

Uma volta inesperada

O novo título de corrida foi lançado em agosto de 2022 exclusivamente em plataformas da Apple, sem maiores informações a respeito de um lançamento em consoles. No Nintendo Direct de setembro, porém, uma grata surpresa: o game foi anunciado e logo disponibilizado no Switch.

Apesar de seu início mobile, Horizon Chase 2 não aparenta ser um simples jogo de celular. Pelo contrário, suas cores são vibrantes e os cenários ficam muito bonitos tanto na tela do console híbrido quanto na TV.

Um horizonte conhecido

Quem está familiarizado com o jogo anterior sabe o que vai encontrar aqui. Corridas rápidas que se iniciam sem firulas, após uma rápida contagem regressiva; controle preciso de veículos; trilha sonora envolvente composta por Barry Leitch; sensação de alta velocidade, ampliada ao utilizar o nitro; batidas que não destroem o carro, mas tem como consequência a perda de preciosos segundos; coleta de moedas espalhadas pela pista que, combinada a um resultado na primeira colocação, rendem um super troféu.

No modo principal, as corridas são organizadas por país e podem ser de ponto a ponto ou ter até 5 voltas. Cada país oferece também pelo menos uma corrida contra o tempo, sem outros carros na pista.

É preciso lutar para conquistar as primeiras colocações, pois a quantidade de troféus ganhos garante a abertura de novas pistas. Avançar no mapa principal disponibiliza novas pistas também nos outros modos de jogo.

Novos locais

Assim como no primeiro título, no modo Volta ao Mundo o mapa vai se abrindo aos poucos, conforme o jogador termina as corridas. Apesar de termos aqui o retorno de alguns países, as cidades e pistas são inéditas.

A ambientação dos lugares é muito bem executada, explorando pontos facilmente identificáveis. Nas pistas do Brasil, em especial, é possível sentir o clima de lugares como Olinda, Porto Alegre, Gramado e São Paulo. Já tendo visitado a maioria dos locais retratados, a memória das viagens que fiz voltou à tona imediatamente.

Um incômodo – nada que seja necessariamente um ponto negativo – que senti foi em relação à seleção de locais do Sudeste. Com uma pista para São Paulo e duas para Ouro Preto (MG), senti falta de uma representatividade maior da região. Como o primeiro Horizon Chase contou com Niterói (RJ), uma das pistas de Ouro Preto podia ter dado lugar a alguma locação no Espírito Santo, por exemplo.

Novos Visuais

Horizon Chase 2 apresenta visuais estilizados excelentes, retratando locais com certa fidelidade, ainda que a intenção não seja atingir um realismo. Os efeitos de iluminação foram aprimorados, com cenários explorando a passagem do tempo, cavernas e até tempestades de areia.

Alguns símbolos foram alterados, como o de nitro, não apenas do objeto em si como também da forma como é representado no menu. O visual está bem agradável e bonito, seja na tela cheia ou dividida com outros jogadores.

Em compensação, o carregamento está bem demorado. As telas de loading são frequentes e demoram tanto que, por vezes, dão a impressão de que o jogo travou. Não sei se é algo pontual da versão que recebi, mas prejudicou um pouco a experiência.

Novas configurações

Uma diferença importante em relação ao primeiro jogo é em relação ao combustível. Se em Horizon Chase Turbo era necessário pegar os ícones de combustível na pista para não perder a corrida por uma pane seca, isso foi completamente eliminado da sequência.

Por um lado as corridas ficam mais dinâmicas, pois o foco fica em chegar na primeira colocação. Por outro lado, perde-se um desafio que tornava as disputas interessantes.

Outra mudança importante está na configuração dos carros. Enquanto no título original a troca de cores era livre, agora especificações como pintura e tipos de roda são compradas com o dinheiro conquistado, aumentando a personalização dos veículos.

De acordo com o desempenho na pista, o carro utilizado sobe de nível, o que confere pontos de experiência para melhorar características como aceleração, suspensão e controle. Desse modo, mudar de veículo agora significa deixar para trás um investimento realizado, o que muda completamente a relação do jogador com sua garagem.

Outros modos

Além da Volta ao Mundo, Horizon Chase 2 também conta com o modo Torneio, em que corridas são agrupadas de acordo com um certo tema e são disputadas em sequência – o que elimina o problema de loading entre elas.

Há também o Playground, modo online que oferece alguns desafios. É uma maneira de utilizar os cenários de outras formas e que funciona a contento, sem problemas de lag.

Vale destacar que o jogo oferece um multiplayer crossplay entre as plataformas disponíveis, um grande avanço em comparação ao título original. O cooperativo local em tela dividida com até quatro jogadores também funciona sem quedas de framerate, mantendo a qualidade dos visuais.

Um belíssimo horizonte

Horizon Chase 2 é a evolução que a franquia merecia. A sequência apresenta visuais com efeitos mais elaborados, implementa com sucesso o multiplayer online que o original não possuía e melhora a configuração dos veículos com uma melhor utilização das moedas conquistadas nas corridas. Ansioso pelos próximos projetos dos brasileiros do Aquiris.

Prós:

  • O visual está ainda mais bonito, com variados efeitos de iluminação.
  • A ambientação está bem executada, com elementos reconhecíveis.
  • Multiplayer online e crossplay funcionam sem problemas.
  • Gameplay fluido, com controle preciso dos veículos.
  • Alto fator replay.
  • Senso de progressão excelente, com conteúdo sendo liberado aos poucos.
  • Melhoria de veículos ampliada com variadas possibilidades de personalização.

Contras:

  • As telas de carregamento são demasiadamente demoradas, prejudicando o ritmo entre uma corrida e outra.
Horizon Chase 2 — Apple/PC/Switch — Nota: 9.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Cris Amarante
Análise produzida com cópia digital cedida pela Epic Games

Nascido no mesmo dia que Manoel Bandeira (mas com alguns anos de distância), perdido em Angra dos Reis (dos pobres e dos bobos da corte também), sob a influência da MPB, do rock e de coisas esquisitas como a Björk. Professor de história, acostumado a estar à margem de tudo e de todos por ser fora de moda. Gamer velho de guerra, comecei no Atari e até hoje não largo os mascotes - antes rivais - Mario e Sonic.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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