Em meio à pandemia de COVID-19, em 2020, jogadores do mundo todo investiram incontáveis horas em Animal Crossing: New Horizons. O último lançamento da série bateu recordes de vendas, sendo o jogo mais vendido na história do Japão e o 2º colocado na lista de jogos mais vendidos do Switch (perdendo apenas para Mario Kart 8 Deluxe). Apesar do sucesso estrondoso do título, seu antecessor, lançado no 3DS, ainda conta com uma legião fiel de fãs — e muitos ainda o consideram como o capítulo mais marcante da série.
Estreando no console portátil em 2012 no Japão e em 2013 no ocidente, Animal Crossing: New Leaf fez tanto sucesso que recebeu uma atualização com novos conteúdos anos depois de seu lançamento inicial, quase no fim do ciclo de vida do 3DS. Pegue sua vara de pescar e sua pá, pois hoje relembraremos alguns dos aspectos que fizeram do título um dos jogos mais celebrados da franquia Animal Crossing.
Nova vida, novas responsabilidades
Até o lançamento de New Leaf, os jogos da série seguiam uma fórmula tradicional simples: o jogador assume o papel de um dos habitantes de uma vila, na qual todos os outros moradores são animais. Há animais especiais que são responsáveis pelas lojas, como o icônico guaxinim Tom Nook, e pelo museu, como a medrosa coruja Blathers, além do prefeito da vila, a idosa tartaruga Tortimer. O jogador aproveita a vida na vila contribuindo para o enriquecimento do museu, decorando sua casa, ajudando os outros habitantes com tarefas e participando de eventos especiais em datas comemorativas.
Por enquanto, nenhuma novidade. Mas New Leaf virou essa fórmula de cabeça para baixo, tornando o jogador o próprio prefeito da vila. A situação acontece por acidente, já que, ao chegarmos na vila de trem, somos recebidos por uma multidão que aguardava a chegada do novo prefeito. Sem tempo para explicações, somos colocados no cargo e os trabalhos logo começam — depois de um tempo, até recebemos uma carta misteriosa de quem deveria ser o verdadeiro prefeito, mas a figura já desistiu da ideia e deseja boa sorte no novo cargo.
Cabe a nós, então, com a ajuda da simpática cachorrinha e secretária, Isabelle, cumprir as responsabilidades esperadas de um prefeito: organizar obras públicas com o auxílio de doações dos habitantes (como postes, bancos, fontes, lojas especiais e muito mais) e estabelecer decretos que influenciam o funcionamento da vila (como o horário de funcionamento das lojas, o aumento do cuidado com a limpeza da vila ou uma maior circulação de dinheiro nas diversas atividades disponíveis). Tudo isso, claro, sem deixar de lado as atividades clássicas da franquia, como caçar insetos, pescar e interagir com os outros habitantes da vila.
Um mundo (ou uma vila) de novas possibilidades
Animal Crossing: New Leaf introduziu a maior liberdade de customização já vista na série até então. Opções já conhecidas estão presentes, como a mudança de penteado e visual feita pela poodle Harriet, mas o título de 3DS introduz diversas novas possibilidades que vão além do visual do jogador. Tom Nook, por exemplo, agora assume o papel de corretor de imóveis, podendo não só expandir a casa do jogador diversas vezes, mas também fornece opções de customização externa (como telhados, portas e caixas de correio).
Há também um novo casal de personagens especiais: as alpacas Reese e Cyrus são donos da Re-Tail, loja onde o jogador pode personalizar praticamente qualquer item ou móvel que possua (mudando aspectos como cor, material e estampa), além de poder colocar à venda móveis pelo preço que desejar, para que outros habitantes eventualmente possam comprá-los ao visitarem a loja.
As novas possibilidades abriram caminho para que os jogadores pudessem decorar suas vilas, praticamente como sempre sonharam, com o limite sendo a imaginação. Construções como a prefeitura e a estação de trem também podiam ser customizadas, os padrões desenhados pelo jogador podiam ser usados em camisetas, chapéus, guarda-chuvas ou até mesmo colocados no chão para simular texturas e caminhos… para a época, New Leaf representava uma virada de chave importantíssima na série no aspecto da customização.
Novos e velhos amigos
Além de Reese e Cyrus, o título introduziu diversos novos personagens especiais que apareceriam novamente em New Horizons, se tornando parte da identidade da série Animal Crossing:
Isabelle: a cachorrinha se tornou uma das personagens mais marcantes da franquia e virou até mesmo lutadora em Super Smash Bros. Ultimate. Seu papel em New Leaf é o de secretária do prefeito;
Leif: o simpático bicho-preguiça cuida da loja de itens de jardinagem;
Digby: o irmão de Isabelle é responsável pelo HH Showcase, local onde podemos exibir a decoração das nossas casas e salvar cópias das casas de outros jogadores pelo SpotPass e pelo StreetPass;
Há ainda outros personagens, como os membros da família do cômico Kapp’n, e até mesmo um novo alter ego baladeiro do famoso cantor K.K. Slider, DJ KK. New Leaf introduziu, junto a esses e outros diversos personagens, várias novas mecânicas que enriqueceram ainda mais a experiência do título.
E claro, inúmeros personagens clássicos retornaram, como os gêmeos guaxinins vendedores Timmy e Tommy, a girafa estilista Gracie, o pombo barista Brewster, o castor Chip, a toupeira Resetti, o camaleão Nat e o gato Rover, entre muitos outros. Grande parte dos personagens manteve sua função dos jogos anteriores, aparecendo em datas comemorativas, campeonatos, lojas ou ocasiões especiais.
O prefeito Tortimer, aliás, está aproveitando sua aposentadoria em uma ilha paradisíaca que pode ser visitada pelo jogador, onde podemos explorar diversos minijogos, caçar insetos raros e pescar tubarões — isso explica por que a tartaruga não assumiu a função de prefeito dessa vez!
E vieram ainda mais novidades
Quatro anos após o lançamento inicial do jogo, em 2016, foi lançada uma grande atualização gratuita: Animal Crossing: New Leaf - Welcome amiibo pegou os jogadores de surpresa, adicionando ainda mais conteúdo a um jogo já repleto de novas mecânicas e ideias.
A primeira adição trazida com a atualização, como o próprio nome revela, foi a compatibilidade com os amiibos, em especial os amiibo cards especiais da série Animal Crossing, que vinham sendo lançados desde a chegada de Animal Crossing: Happy Home Designer ao 3DS, em 2015. O jogo, focado na decoração de casas e ambientes, também influenciou a atualização, como veremos mais à frente.
Os amiibo cards de cada um dos animais especiais e dos animais “básicos”, ou seja, aqueles que podem ser habitantes da vila do jogador, podem ser escaneados para conjurar o fantasma Wisp, que se transforma no personagem contido na carta. Wisp faz com que aquele animal vá para o acampamento, permitindo que o jogador compre itens usados na decoração do trailer usado pelo personagem. No caso dos animais “básicos”, o fantasma facilitou muito a rotação de moradores na vila: basta escanear o amiibo card uma única vez, e será possível convidar o animal para viver na vila.
Falando em personagens, a atualização também adicionou 50 novos animais que podem habitar a vila, além de vários animais que representam crossovers com outras franquias da Nintendo — como a égua Epona da série Zelda ou o polvo Inkwell, baseado na série Splatoon. Infelizmente, esses personagens especiais da Big N não retornaram em New Horizons.
A atualização ainda adicionou diversas mecânicas que seriam reaproveitadas no próximo título da série: o pacífico Harvey cuida do acampamento onde os personagens estacionam seus trailers (e sua função foi expandida em New Horizons); há missões diárias que rendem cupons para serem usados no acampamento (muito semelhantes às Nook Miles); e também podemos decorar e organizar nossas casas livremente, como em Happy Home Designer (isso também, claro, retornou de forma ainda mais completa na expansão Happy Home Paradise de New Horizons).
Também foram adicionados novos itens (763, para ser mais exato), uma funcionalidade de se “vender” uma vila ao reiniciar o jogo, de forma a não começar totalmente do zero, e novos minijogos que podem ser acessados ao se interagir com um Nintendo 3DS ou Nintendo Wii U usado como decoração dentro de casa. Resumindo: haja conteúdo!
Novos futuros e novas expectativas
Em retrospectiva, fica claro que Animal Crossing: New Leaf pavimentou o caminho de seu sucessor, garantindo ainda mais o sucesso estrondoso de Animal Crossing: New Horizons no Nintendo Switch. O título mais recente expandiu ainda mais a personalização introduzida em New Leaf, fazendo com que o céu se tornasse o limite para as possibilidades na ilha de cada jogador. Várias ideias foram retrabalhadas e reintroduzidas no Switch — talvez a principal delas seja a própria função do jogador como representante da ilha, praticamente idêntica ao cargo de prefeito.
Por outro lado, há quem prefira New Leaf justamente por conta do aspecto da personalização: New Horizons expandiu tanto as possibilidades que alguns jogadores preferem a simplicidade do título de 3DS, e muitos consideram que foi em New Leaf que o equilíbrio certo entre liberdade e restrição foi atingido. Porém, é impossível deixar de considerar as novas mudanças de qualidade de vida propostas por New Horizons, além das várias mecânicas únicas e novidades apresentadas no título, que ajudaram milhares de jogadores ao redor do mundo a suportar o isolamento social e manter laços à distância durante o período complexo que foi a pandemia de COVID-19.
No fim das contas, é tudo uma questão de escolher onde preferimos relaxar e aproveitar. E por aqui, ficamos na expectativa de qual caminho Animal Crossing seguirá em seu próximo título: ainda mais personalização ou um retorno maior às raízes? De qualquer forma, torcemos para um novo título no Switch 2, sem esquecer de todas as grandes mudanças na franquia proporcionadas por Animal Crossing: New Leaf.
E você, leitor? Qual era o nome da sua vila em New Leaf? E quais as suas expectativas para o futuro da série? Conte para a gente nos comentários.
Revisão: Cristiane Amarante
