Os jogos japoneses preferidos de Super Nintendo — Farley Santos

Os redatores do Nintendo Blast celebram o Super Nintendo e seus jogos.

Eu lembro até hoje das minhas inúmeras horas de jogatina no Super Nintendo e dos seus jogos incríveis. Era muito divertido chamar os amigos para explorar o grande mundo de Super Mario World ou tentar avançar no Breath of Fire com domínio limitado da língua inglesa. Para mim, é um pouco assustador perceber que o console já completou 25 anos de existência — minhas memórias sobre ele ainda estão bem fresquinhas na mente.


Como todo console de sucesso, vários jogos de SNES nunca foram lançados fora do Japão. Mesmo assim, tive contato com vários deles por meio de locadoras, revistas e emuladores, e ficava fascinado com a variedade e a qualidade. Naturalmente, eu não entendia nada do idioma japonês, mas eu me divertia mesmo assim — só pude jogar direito alguns títulos muito tempo depois, com o surgimento das traduções feitas por fãs.

Quando os redatores do Nintendo Blast decidiram criar listas de seus jogos preferidos de Super Nintendo, pensei em fazer algo diferente e incluir somente títulos de Super Famicom. Sendo assim, selecionei aqueles títulos nipônicos que mais me marcaram, o que não significa necessariamente a presença dos mais famosos (nada de Fire Emblem e Dragon Ball, por exemplo). Contudo, acredito que vocês irão descobrir algumas coisas legais depois de conferir a lista.

Alcahest

À primeira vista, Alcahest lembra um Zelda mais frenético: a ação é vista de cima e o protagonista usa uma espada para derrotar os inimigos. Contudo, o jogo é bem diferente das aventuras de Link por ser linear e mais simples. De qualquer maneira, é divertido guiar o guerreiro Alen em uma jornada para derrotar um mal que ameaça o mundo. O legal é que o jogo tem uma pegada bem RPG, com direito a companheiros de outras classes e ataques elementais. O mais curioso é que Alcahest foi desenvolvido pela HAL Laboratory, foi publicado pela Squaresoft e ainda teve Satoru Iwata como produtor.


Mickey to Donald: Magical Adventure 3

Mickey estrelou vários jogos no SNES, mas, de todos, a minha série favorita no console é essa Magical Quest. O terceiro jogo, intitulado Mickey to Donald: Magical Adventure 3 foi o único a não ser lançado no Ocidente e é justamente o mais legal. Nele, Mickey e Donald entram em um livro mágico para salvar os sobrinhos do pato mais irritadiço do mundo, que foram raptados pelo Barão Pete. Assim como nos jogos anteriores, os heróis possuem várias roupas à disposição deles e é possível jogar na companhia de um amigo de forma cooperativa. Anos depois, o jogo foi adaptado para GBA e lançado no Ocidente, contudo, a versão de SNES sempre será a minha favorita.


Donald Duck no Mahou no Boushi

Descobri esse jogo por acaso em uma locadora. Assim como os vários ótimos jogos de personagens da Disney para o SNES, Donald Duck no Mahou no Boushi (algo como “Pato Donald e o chapéu mágico”) é uma aventura de plataforma 2D. O mais legal nesse jogo é a variedade de situações e cada fase é bem única: em um estágio, o personagem tem que entregar cartas enquanto pedala; em outra, você precisa limpar janelas de um edifício caindo aos pedaços; já em outra situação, Donald recebe a missão de entrar de maneira furtiva em uma casa para recuperar um pássaro roubado; e assim por diante. Há, também, fases de plataforma mais tradicionais na segunda metade do jogo, sempre com alguma mecânica única. Eu gostava muito dessa grande diversidade de situações e dos ótimos gráficos.

Seiken Densetsu 3

Lembro-me até hoje de como fiquei impressionado com Seiken Densetsu 3. Isso aconteceu principalmente pelo fato de ser possível criar grupos de três heróis dentre seis disponíveis, cada qual bem único e interessante — perdi as contas de quantas foram as vezes em que testei combinações diferentes, tentando encontrar uma melhor que a outra. Eu também gostava demais do sistema de batalha que, na minha cabeça daquela época, lembrava um Zelda mais elaborado com multiplayer. E, claro, é impossível não mencionar os excelentes gráficos e a maravilhosa trilha sonora (Powell ainda é uma das minhas faixas favoritas de todos os tempos). Esse foi o título que me fez virar fã da série Mana, e o mais curioso é que eu nunca joguei direito o seu antecessor, Secret of Mana.

Super Bomberman 5

Bomberman é um clássico do mundo dos jogos e é incrível perceber que somente os três primeiros jogos da série para SNES foram lançados no Ocidente. O meu favorito deles é Super Bomberman 5, principalmente por ser o mais elaborado de todos. As fases no modo história contavam com saídas diferentes e visitar todos os estágios era um dos desafios do jogo — acho que tentei inúmeras vezes e nunca consegui essa proeza. Gostava também de como o tema visual de cada mundo era baseado em um título anterior da série. E, claro, passei inúmeras horas no modo Battle com meus amigos (nunca me esquecerei das mil brigas geradas por esse modo, haha).

Kirby's Super Star Stacker

Sempre fui um grande fã de puzzles. Sendo assim, eu buscava alguns que eram mais diferentes para experimentar. Kirby’s Super Star Stacker é, na verdade, um port/remake do título de mesmo nome lançado para Game Boy. Neste puzzle, o objetivo é eliminar estrelas e, para isso, você deve colocar uma ou mais estrelas entre dois blocos de animais correspondentes, fazendo com que os animais e as estrelas desapareçam. A mecânica é bastante simples, porém, as coisas ficam bem frenéticas com as sequências de ataques. Ele é também um jogo bem bonito, contando com aquele visual de giz de cera de Kirby’s Dream Land 3.

Wrecking Crew ’98

Wrecking Crew ‘98 é um remake do jogo de mesmo nome para NES. Ele é um puzzle no qual Mario e seus amigos precisam evitar que blocos coloridos cheguem ao topo da tela. Para isso, os personagens podem combinar os blocos da mesma cor ou destruí-los com uma marreta, com direito a combos. A temática é bem maluca (Mario trabalhando de demolidor de prédios) e o título conta com uns personagens inusitados (um deles é um bolinho de arroz). Mas, de qualquer maneira, é um jogo bem divertido.

Live a Live

Live a Live é um RPG bem inusitado: podemos experimentar sete “vidas” diferentes e cada uma delas conta uma história própria. O legal é a grande variedade de temas dessas tramas, que passam pela pré-história (que não oferece nenhum diálogo, os personagens se comunicam por gestos), por um futuro distante (e sua ambientação “mistério de assassinato”), pelo velho oeste, pela China antiga e também pela era dos ninjas. Os enredos compartilham o mesmo sistema de batalha por turnos (bem legal, inclusive), mas cada história tem mecânicas e narrativas próprias. Mesmo sem entender nada, eu adorava explorar os universos de Live a Live.

Ganbare Goemon 2: Kiteretsu Shougun Magginesu

Ganbare Goemon, ou “Mystical Ninja” no Ocidente, é uma série maluca da Konami estrelada por um personagem levemente baseado no pseudo-herói japonês Ishikawa Goemon. Essa é uma franquia meio doida por misturar japão feudal com robôs gigantes e outras coisas inusitadas. O SNES recebeu cinco títulos estrelados pelo personagem. Ganbare Goemon 2: Kiteretsu Shougun Magginesu é o segundo título da série para o console e é um charmoso jogo de plataforma 2D, além de ser um dos meus favoritos.

O legal aqui são as situações malucas em que o jogo te coloca: em uma fase, as plataformas são camarões empanados pulando no óleo quente; já em outra, os obstáculos são os longos cabelos de artistas do tradicional teatro kabuki. Esse também foi o primeiro jogo em que apareceu o Goemon Impact, o robô gigante do protagonista. Em algumas batalhas contra chefes, Goemon controla o grande mecha diretamente. O resultado um confronto em primeira pessoa bem interessante.

Bahamut Lagoon

Bahamut Lagoon era bem parecido com os jogos da série Fire Emblem: controlar unidades e derrotar os inimigos em combates por turnos. Esse RPG da Squaresoft se destacava por conta de várias outras mecânicas mais complexas: as magias afetavam o terreno (gelo congelava a água, por exemplo), havia combates por turnos caso as unidades estivessem adjacentes e era possível evoluir os dragões aliados. Por ter sido lançado no fim da vida do console, ele foi também um jogo muito bonito — eu gosto especialmente das animações de batalha.

Chibi Maruko-chan - Mezase! Minami no Island!!

Muito antes de surgir Mario Party, eu e meus amigos nos divertíamos com Chibi Maruko-chan - Mezase! Minami no Island!!. Esse jogo foi baseado em um anime de mesmo nome e se tratava de uma pequena coleção de minigames: uma queimada com direito a power-ups, uma competição para empurrar o oponente na água e uma competição de pintura que mais lembra um Snake competitivo. Assim como Bomberman, esse jogo semeou a discórdia entre eu e meus amigos.

Tactics Ogre: Let Us Cling Together

O segundo título da série Ogre Battle mudou drasticamente em estilo, comparado ao seu antecessor. Tactics Ogre trocou a estratégia em tempo real por combates isométricos por turnos. Eu sempre fico perplexo quando penso nesse jogo, pois, para a época, ele era muito complexo e interessante. As mecânicas de batalha são muito boas, principalmente por conta da grande variedade de armas, classes e variáveis de terreno. Além disso, Tactics Ogre possuía uma trama densa (que só fui entender muitos anos depois) e várias ramos de história de acordo com as escolhas feitas durante a trama. Ele é um dos jogos mais importantes de SNES e foi uma forte influência para Final Fantasy Tactics e outros jogos do mesmo estilo — é uma pena que nem todos saibam que ele originou o gênero.

Rudra no Hihou

Sempre achei interessantíssimas as mecânicas centrais de Rudra no Hihou, um RPG da Squaresoft para o console. Neste título, o fim do mundo está próximo e controlamos vários grupos que tentam impedir a catástrofe. Na prática, são quatro aventuras distintas que se relacionam entre si e você pode jogar as três primeiras na ordem que bem entender. O combate era por turnos, sendo que o mais legal era o sistema de magia: os personagens utilizavam “mantras” e cada palavra escrita pelo jogador era um feitiço diferente — existiam regras para construir esses nomes, claro. Entender os mantras e escrevê-los corretamente era essencial, já que os chefes do jogo eram bem difíceis. Era um exemplo de título praticamente impossível de se jogar sem um detonado do lado.

Front Mission: Gun Hazard

A série estratégica Front Mission nasceu no SNES, que recebeu dois jogos da franquia. O meu favorito é o spinoff Front Mission: Gun Hazard. Ao invés de combates de estratégia por turno, Gun Hazard trazia ação e plataforma 2D com características de RPG. Nele, controlamos um piloto de wanzer (os robôs da série) que acaba se envolvendo em uma trama complexa em um futuro alternativo. A característica mais legal em Front Mission é a possibilidade de customizar seu wanzer com várias armas e equipamentos diferentes, o que trazia grande variedade de opções na hora de superar os desafios. O jogo era tecnicamente impecável e contava com uma trilha sonora memorável.

Treasure Hunter G

Esse RPG possuía um charme único por conta de seu visual com modelos 3D pré-renderizados. Em Treasure Hunter G, acompanhamos uma dupla de irmãos que sai em uma jornada para encontrar seu pai desaparecido. Eu gostava muito do sistema de batalha do jogo, que misturava turnos e posicionamento de personagens em uma grade, oferecendo muitas opções de estratégia. E é impossível também não lembrar de Ponga, o simpático macaco que era também mago e um exímio violinista.

Shin Kidô Senki Gundam Wing: Endless Duel

Confesso que sempre fui péssimo em jogos de luta, mas eu me divertia muito com Gundam Wing: Endless Duel. Eu não conhecia o anime na época, contudo, achava o máximo as mecânicas de luta com seus combos aéreos e tiros à distância. Em conjunto com o visual elaborado e a música memorável, Gundam Wing: Endless Duel é, até hoje, um dos meus jogos de luta favoritos.

Tales of Phantasia

A franquia Tales of é bem popular atualmente, e tudo começou no SNES. Tales of Phantasia revolucionou em vários aspectos. A principal característica interessante do RPG foi o seu sistema de batalha, que era totalmente em tempo real e lembrava um jogo de ação — e isso é, até hoje, o aspecto que mais gosto na série, por mais que os comandos fossem um pouco travados em ToP. Além disso, ele foi um dos poucos jogos que utilizou um cartucho de 48 megabits, o que permitiu gráficos belíssimos, dublagem e até mesmo uma música tema cantada.

Rockman & Forte

Os consoles de 32 bits já tinham sido lançados quando o último jogo de Mega Man chegou ao SNES. Rockman & Forte tinha como maior destaque a possibilidade de controlar Bass (ou Forte, como ele é chamado no Japão), que era bem diferente do robô azul: ele podia atirar em oito direções diferentes, saltar novamente no ar e tinha acesso a uma investida (dash). A aventura é um Mega Man nos moldes clássicos e era tecnicamente incrível — lembro-me especialmente de ter vasculhado todos os cantos dos estágios em busca dos CDs colecionáveis. Ele foi lançado no Ocidente em 2003 para GBA, contudo um pouco da qualidade gráfica se perdeu na adaptação.


E vocês? Quais são seus jogos japoneses de SNES favoritos? Não deixe de compartilhar conosco.
Revisão: Érika Honda

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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