Pikmin 20 anos: a franquia mais intrigante da Nintendo

A franquia completa duas décadas de diversão constante em alta qualidade, apesar destes seres coloridos nunca terem sido reconhecidos como deveriam.

Há pouco mais de 20 anos, mais especificamente em 26 de outubro de 2001, os jogadores foram apresentados pela primeira vez aos extraterrestres multicoloridos conhecidos como Pikmin e ao corajoso Capitão Olimar, o herói da série, no Nintendo GameCube. 

Ainda hoje, a franquia Pikmin, criação do próprio Shigeru Miyamoto, o lendário conceptor de Super Mario, The Legend of Zelda e DK, não é sinônimo de arrasa-quarteirão. Mas, embora nunca tenha alcançado o mesmo nível de sucesso que as franquias nintendistas mais velhas, Pikmin certamente partilha do mesmo espírito da filosofia “miyamotana”: diversão a todo o custo — marca de toda a sua obra.

Mas afinal, o que é isso?

Pikmin (GC) foi motivo de bafafá na indústria à época principalmente porque era a primeira IP first party que a Nintendo criava em muito tempo — haja vista que toda a geração do N64 tratava-se sobretudo de trazer as franquias já estabelecidas da Nintendo para a terceira dimensão. 


O game ainda bebia de um gênero fenômeno da época, o estilo RTS, que dominava o mundo com Age of Empires (Multi) e Warcraft (Multi) fazendo sucesso nos PCs, mas Miyamoto conseguiu deixar sua criação diferente de tudo com a sua proposta de ambientação e jogabilidade única, que combinava equilibradamente elementos de puzzle, ação e estratégia em tempo real num único pacote inovador.

A série consiste nas aventuras de pequenos astronautas coloridos em mundos alienígenas, onde descobrem uma raça consciente de seres meio-plantas, meio-animais chamados de Pikmin. Ao descobrir que eles não apenas eram dóceis e engraçados, mas reagiam a comandos dados pelo apito dos astronautas, o objetivo do jogador passa a ser usá-los como ferramenta para enfrentar os desafios que a vida extraterrestre apresentava.

Assim, seja derrotando inimigos, conseguindo suprimentos ou juntando peças para reparar a sua nave e regressar ao espaço, os Pikmin serviriam como fiéis comandados que não pensavam duas vezes antes de arriscar as suas vidas em prol dos astronautas. Para estes, ficar por lá significaria ser forçados a respirar um gás tóxico chamado oxigênio, que parece estar por todo lado no misterioso planeta — entendeu onde, não é?

Uma palheta de habilidades

Existem diferentes tipos de Pikmin baseados na coloração de seus corpos, cada um dos quais possui qualidades e especialidades distintas. O primeiro game, ainda no GameCube, trazia o Capitão Olimar como astronauta protagonista e abordava o seu primeiro encontro com três tipos de Pikmin: os Pikmin Vermelhos, mais rápidos, briguentos e resistentes ao fogo; os Pikmin Amarelos, que podiam ser lançados mais alto e eram resistentes à eletricidade — além de ser capazes de atirar bombas; e os Pikmin Azul, que eram mais equilibrados nas ações, mas que podiam nadar sem se afogar. Esses tipos básicos de Pikmin se tornariam recorrentes em toda a série, com novas adições de cores a cada nova entrada.


Com a ajuda dos Pikmin, o capitão Olimar deveria assim recuperar as peças de sua espaçonave antes que o seu abastecimento de ar de casa se esgotasse, o que correspondia a um prazo de 30 dias dentro do jogo. 

Três anos depois, Pikmin 2 (GC) chegou ao mundo, apresentando também Louie, o alter-ego "Luigiano" de Olimar, como uma segunda personagem jogável. A sequência introduziu dois novos tipos de Pikmin: os Roxos, que equivaliam a dez vezes a força dos demais, e os Pikmin Brancos, que não só eram resistentes a venenos, como envenenavam quaisquer criaturas que os comessem. 

A história do segundo título coloca Olimar e Louie trabalhando para socorrer as dívidas da empresa em que trabalhavam, e o planeta onde os Pikmin foram primeiramente encontrados ficara reconhecido desde a última viagem como um lar de preciosos tesouros, extremamente valiosos em Hocotate, terra-natal dos astronautas.


Embora Pikmin 2 ainda utilizasse um ciclo dia/noite como o primeiro jogo, já não tinha um limite de tempo para a aventura. Além disso, o jogador podia atravessar masmorras subterrâneas para encontrar os melhores tesouros do jogo e apresentava lutas de chefes bastante desafiadoras, que ignoravam completamente o relógio até o jogador regressar à superfície.

Ambos os títulos de GameCube seriam mais tarde relançados no Nintendo Wii com controles de movimento, modo de jogo que absolutamente revolucionou a maneira de se jogar o game. A utilização do Wii Remote para a série encaixou-se como uma luva e é ainda hoje uma das melhores utilizações do controlador tradicional do Wii, uma experiência única para qualquer um que puder dar uma palinha.

Com o anúncio do Wii U e a continuidade do uso do Wii Remote, a expectativa dos fãs da série era de que um terceiro game fosse anunciado. Dito e feito, com a marca de 9 anos do segundo título da série, Pikmin 3 (Wii U) chegava ao console do GamePad com melhorias em absolutamente tudo que a série conhecia de melhor. Embora o Wii U acabasse por ser um fracasso financeiro para a Nintendo, tinha uma forte seleção de títulos de first party, e o Pikmin 3 era sem dúvidas um dos melhores do lote.

A maneira definitiva de se jogar Pikmin
Pikmin 3 introduziu três novos personagens: Alph, Brittany e Charlie, que vieram ao planeta dos Pikmin em busca de sementes de frutos para rebrotar o abastecimento alimentar do seu planeta, que também passava por maus bocados. 

Apesar de virem de um planeta diferente de Olimar, eles acabam encontrando o herói e Louie, que passavam pelo planeta durante a aventura. Dessa vez, mais dois novos tipos de Pikmin foram introduzidos: os Pikmin de Pedra (ou cinzas), que podem quebrar objetos duros que os outros não conseguem, além de dar uma quantia maior de dano aos inimigos quando atirados; e os Pikmin Voadores (ou rosa), que podem voar, dando ao jogador uma forma totalmente nova de explorar o mundo.

É reconhecido que Pikmin 3 deixou de fora vários elementos únicos e interessantes do segundo game para além da marginalização dos Pikmin roxos e brancos para apenas os modos secundários de jogo. Até mesmo a interessante dinâmica das masmorras do seu antecessor foi abandonada, mas o pacote completo foi bastante elogiado pela crítica e público como o título de Pikmin mais otimizado, coeso e aberto ao público — sem contar o fenomenal modo multiplayer Bingo Battle, um dos melhores multiplayer local que já joguei, sem exageros.


Alguns anos após o lançamento de Pikmin 3, mais precisamente em 2017, Miyamoto revelou em uma entrevista que estava trabalhando em um novo projeto de Pikmin, o que levou vários fãs a criarem teorias acerca do quarto game da franquia. O balde de água fria, no entanto, caiu muito bem com o anúncio de Hey Pikmin! (3DS), que era como um jogo de spinoff estilo plataforma que não agradou a ninguém e fora lançado num momento em que o Nintendo Switch já estava disponível no mercado. 

O resultado foi mais revolta e raiva para com a Nintendo, em especial pela péssima sequência de lançamentos de 2015-16, que tentaram trazer as franquias do passado mas que afundaram de vez o Wii U e 3DS — vide Chibi-Robo: Zip Lash (3DS), Animal Crossing: Amiibo Festival (Wii U) e StarFox Zero (Wii U).

Quis o destino que, assim como muitos outros títulos do Wii U, Pikmin 3 acabou por ser trazido para o híbrido nintendista como Pikmin 3 Deluxe (Switch) em 2020, apresentando novos modos que trouxeram de volta o Olimar para um papel jogável, além de visuais melhorados, novo conteúdo, e todos os DLCs originais incluídos — ainda que a falta do Wii Remote fizesse deste um game de jogabilidade notadamente piorada.

A espera que não tem fim...

Com a chegada do 20º aniversário da série, aguardava-se o anúncio de algum novo game no Nintendo Direct de setembro de 2021, mas esse desejo novamente não se concretizou. No entanto, era conhecido desde março que a Nintendo trabalhava com os criadores de Pokémon GO, a californiana Niantic, num jogo para smartphones estrelando os Pikmin. 

O anúncio colocou uma grande interrogação na cabeça dos jogadores, mas foi justamente no aniversário da franquia neste ano que Pikmin Bloom (Mobile) deu as caras ao mundo. Apesar de muito mais simples que a entrada dos monstrinhos de bolso, o jogo utiliza tecnologia AR para permitir aos jogadores interagirem com os Pikmin no mundo real, além de cumprirem pequenas missões de coleta de itens ao redor da sua localização buscando florir o mundo de forma digital — é bem despretensioso, mas divertidinho. 

Infelizmente, nada indica que um título Pikmin 4 esteja completo, mas cabe destacar que já se passaram oito anos desde que o Pikmin 3 foi originalmente lançado, o que significa que a espera entre o terceiro e quarto capítulo, caso ocorra em 2022, corresponderá ao mesmo intervalo de tempo entre o Pikmin 2 e 3 e tudo isso em apenas algumas semanas para a chegada do ano novo.

Um jardim para chamar de seu

A série Pikmin certamente transborda encanto, graças até mesmo ao fato de os próprios Pikmin terem um desenho colorido, carismático e simples. Isso fez com que a Nintendo preparasse diversos merchandising da franquia, seja em roupas, bonecos e pelúcias, assim como várias séries de curtas e desenhos animados estrelando as aventuras desses serzinhos tão simpáticos. Até mesmo no parque temático da Nintendo na Universal Studios Japan já foi possível identificar os Pikmin espalhados pelo território.

A franquia pode até não ser considerada uma das mais conhecidas da Nintendo, com razão, mas tem continuado a receber novas entradas ao longo dos anos, o que é mais do que se pode dizer de jogos como o F-Zero, Golden Sun, Sin & Punishment, dentre outros. 

Mesmo com a espera tão paciente do Pikmin 4, para uma série com o número de entradas surpreendentemente baixo, Pikmin realmente esculpiu um forte legado para si próprio nos vinte anos desde que estreou como “aquele novo jogo peculiar do GameCube do criador de Mario e Zelda".

O certo é que Pikmin ainda tem muito espaço para mais entradas, e, apesar de Pikmin Bloom ter tido um começo extremamente irrelevante, é mais uma porta de entrada para novos fãs da série conhecerem as fascinantes criaturinhas de alguma maneira, na expectativa de que possam encontrá-las novamente em
aventuras no futuro.

Mas e você, já teve algum contato com a franquia Pikmin? Coleciona algum sentimento ou história com Olimar e seus amigos? Conte-nos nos comentários abaixo!
Fontes: Pikmin Wiki, ScreenRant, Nintendo Life
Revisão: João Gabriel Haddad

Curioso, empolgado e positivo: os ingredientes ideais para criar o Felipe perfeito...ou quase! Estudante de Engenharia no crachá, programador aos fins de semana e designer às quintas-feiras. Na dúvida, viajar pelos mundos de Kingdom Hearts ou caçar monstros em Hyrule são sem dúvidas uma boa aposta! Conheçam-me! @felipe_lemos12
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