Super Smash Bros. é uma das franquias mais emblemáticas e celebradas da Nintendo, conhecida por reunir personagens de diferentes universos da empresa (e até de fora dela) em batalhas caóticas, estratégicas e repletas de nostalgia. Desde sua estreia no Nintendo 64, a série conquistou uma base de fãs extremamente dedicada e se consolidou como um dos maiores crossover da história dos videogames.
O título mais recente, Super Smash Bros. Ultimate para o Nintendo Switch, foi um marco impressionante: com mais de 80 personagens jogáveis, dezenas de arenas e um legado que homenageia toda a história dos games, ele se tornou um dos jogos mais vendidos da plataforma e um fenômeno cultural. No entanto, desde o fim do ciclo de DLCs em 2021, a franquia permaneceu em silêncio, sem anúncios oficiais ou pistas concretas sobre seu futuro.
Com a chegada iminente do Nintendo Switch 2, a expectativa por um novo Smash voltou a crescer. Enquanto a confirmação de um novo título ainda não foi feita, é o momento ideal para analisarmos as possibilidades, expectativas e desafios que cercam a próxima entrada dessa querida série nos poderosos e promissores hardwares da Big N.
Mudanças necessárias
Primeiro é necessário adereçar o “elefante branco na sala”, o próximo título da série tem a necessidade de ser uma espécie de reboot. A escala absurda de Ultimate, com mais de 80 personagens, incluindo participações especiais de empresas como SEGA, Capcom, Square Enix e Bandai Namco, foi uma façanha difícil de repetir. É improvável que a Nintendo consiga reunir novamente todas essas licenças em um novo projeto, o que torna necessário repensar o escopo do elenco.
Os personagens principais da casa, como Mario, Link, Kirby, Pikachu, Samus e Donkey Kong, obviamente seguirão presentes. No entanto, figuras menos icônicas, como Piranha Plant, Dark Pit, Chrom, Daisy, Pichu ou até Young Link e Falco, podem ser deixadas de lado para dar espaço a novos rostos com maior potencial de inovação em mecânicas de combate e diversidade de estilos.
Além de uma redução e curadoria mais cuidadosa do elenco, o novo Smash tem a oportunidade de atualizar os personagens veteranos com base nas evoluções de suas respectivas franquias nos últimos anos. Kirby, por exemplo, poderia incorporar mecânicas do Mouthful Mode de Kirby and the Forgotten Land, com transformações temporárias que alteram sua mobilidade e estilo de ataque, como virar um carro e dar uma investida poderosa ou se moldar em uma mola para ataques aéreos.
Link, por sua vez, poderia contar com habilidades inspiradas em Tears of the Kingdom, como a Ultrahand, capaz de manipular objetos ou até mesmo inimigos de maneira criativa. Essas atualizações não apenas modernizariam o gameplay, como também criariam uma conexão mais próxima entre Smash e os jogos atuais de cada franquia.
O elenco também poderia trazer novas versões de personagens clássicos com base em jogos mais recentes. Donkey Kong, por exemplo, poderia ganhar um rework visual e funcional baseado em Donkey Kong Bananza, com habilidades de metamorfose em animais como zebra e avestruz, oferecendo novas formas de movimentação e ataque. Pauline poderia aparecer como uma assistente integrada ao moveset, usando sua voz poderosa como arma. Samus, com o lançamento de Metroid Prime 4, poderia finalmente explorar suas habilidades psíquicas, adicionando elementos de telecinese ao seu arsenal tradicional de combate à distância. Essas mudanças poderiam ajudar a franquia a manter sua identidade ao mesmo tempo em que renovaria sua proposta, garantindo frescor para veteranos e novatos
Do subsolo ao espaço: novas arenas para a batalha
Para acompanhar essa revisão de elenco e movesets, o próximo Smash também precisa refletir a geração atual por meio de estágios que traduzam a alma e as mecânicas dos títulos mais recentes do catálogo Nintendo. Imagine lutar no mundo subterrâneo de Donkey Kong Bananza, no qual cada porradaria pode demolir o lugar e abrir novos caminhos, transformando o cenário em tempo real. Ou viajar de pista em pista em um circuito “tour” de Mario Kart World, com transições vertiginosas entre trechos de asfalto, pista arco‑íris e até gliders em pleno voo.
Já o aguardado Metroid Prime 4 (ou mesmo as salas claustrofóbicas de Metroid Dread) renderia arenas cheias de áreas desconhecidas que alternam gravidade, iluminação e perigos orgânicos, colocando a leitura de ambiente de Samus e dos próprios jogadores à prova.
No universo Pokémon, poderíamos visitar a tecnológica Lumiose City de Pokémon Z‑A, com telas holográficas que ativam armadilhas tecnológicas, ou mergulhar na enigmática Área Zero de Scarlet / Violet, onde Pokémon Paradoxo surgem para interferir nos combates. Ainda cabem surpresas de nicho: um palco rítmico de Patapon, no qual o ritmo das batidas altera o layout, e um recife subaquático inspirado em Endless Ocean, repleto de correntes marinhas e cardumes de peixes que alteram a física dos saltos. Com ambientes vivos e interativos, novos estágios são peças‑chave para redefinir a experiência de batalha no Switch 2.
Agora ao que interessa: os novos personagens
A discussão que realmente incendeia as redes é sempre a mesma: quem entra para a próxima rodada? Começando pelo elenco da própria Nintendo, alguns nomes soam quase inevitáveis. Tom Nook chegaria carregado (literalmente) de dívidas com sua gimmick; toda vez que sofresse dano, ele “emprestaria” alguns sinos do oponente, inflando um medidor que aumentaria os danos dos ataques baseados em moeda de Nook.
Paper Mario, por sua vez, seria um lutador técnico e criativo, alternando marteladas com saltos e transformações de papel em avião ou barco, num tributo direto aos RPGs da série.
Para renovar o “exército” de personagens de Fire Emblem, Alear poderia invocar heróis de outros jogos para combos-relâmpago, enquanto Taion de Xenoblade Chronicles 3 traria a tão‑pedida representatividade negra à Smash Bros, além de seu estilo de combate focado em táticas que afetam o campo de batalha.
A ala “toon” ganharia fôlego com uma Zelda chibi de Echoes of Wisdom, que copia inimigos com seu cajado mágico, e a novíssima geração Pokémon seria representada pela felina elegante Meowscarada, mesclando acrobacias e ataques de tipo Planta e Escuridão ao brilho dos cristais Terastal em seu Final Smash.
Na esfera das parcerias tradicionais, a Capcom é a primeira a bater à porta. Phoenix Wright, figura carimbada nos portáteis Nintendo, teria um moveset calcado em apresentar provas, rebater objeções e lançar o veredito final no Objection! O “Hunter” de Monster Hunter, outro convidado da Capcom, trocaria de armas (lâmina longa, martelo, arco e etc) num esquema que lembra Byleth, mas com golpes carregados por “afiamento”.
Já o vasto bestiário de Darkstalkers ofereceria candidatas icônicas: Morrigan e Felicia lideram a torcida, embora versões “good boys & girls” à la Pyra/Mythra sejam quase obrigatórias para elas; se ainda assim for ousado demais, Demitri, B.B. Hood ou Hsien‑Ko estariam de prontidão.
Outras gigantes e indies do mercado de games também têm cartas fortes. Ubisoft há anos flerta com o pódio, e ninguém melhor que Rayman (e levando de brinde os Rabbids) para finalmente vestirem o cinturão, misturando golpes malucos a assistências enlouquecidas dos coelhos.
No terreno indie, o Cavaleiro de Hollow Knight poderia transformar Alma em projéteis, usar as Asas do Monarca para recuperação aérea e, no Final Smash, liberar o Vazio. A Atlus tem candidatos badalados, embora os preferidos para geração de hype sejam os protagonistas de Persona 3 e 4, o visual heróico e divino do Nahobino de Shin Megami Tensei V (convocando as demônios do Qadistu e combinando magias elementais) parece feito sob medida para o palco.
Já a Gust/KOEI Tecmo conquistou a comunidade Switch com Atelier Ryza; a alquimista tiraria bombas, elixires e outros itens mágicos da sua bolsa de ingredientes encantados, garantindo presença e carisma. Somam‑se ainda Mamoru Endo, o futebolista mágico de Inazuma Eleven, e o sempre enigmático Professor Layton, pronto para transformar pistas e enigmas em armadilhas de cenário.
Fechando a lista de desejos, a Square Enix poderia ampliar sua representação além de Final Fantasy e Dragon Quest com Neku Sakuraba, de The World Ends With You. Seu gimmick seria usar seus “pins” para ataques mágicos de curta recarga, enquanto um segundo botão chamaria parceiros como Beat, Shiki ou Joshua para golpes sincronizados, quase um tag team dentro de um personagem só. Se apenas metade dessas apostas decolarem, o próximo Super Smash Bros. já promete ser um microcosmo da história dos videogames e um apaixonante campo de batalha onde cada fã pode torcer (ou brigar no Twitter) pelo seu favorito.
Revisão: Beatriz Costa







