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O Atlas de Hyrule: Temple of Time ao longo dos anos

Uma ponte entre tempos e reinos longínquos.




Temple of Time. Uma grande plataforma a céu aberto em meio ao deserto. Um edifício alto e esguio no centro de uma cidade ou talvez uma construção em ruínas 100 anos após a calamidade reinar sobre Hyrule.


Várias são as formas com as quais Link e os jogadores da série The Legend of Zelda podem se deparar com esse templo sagrado em suas aventuras. Em todas essas vezes, porém, está lá para o mesmo propósito: acessar outra dimensão, remeter ao passado ou oferecer um atalho para o futuro das aventuras de Link. Eis o desígnio desta que é uma das construções mais famosas do mundo dos jogos, o Temple of Time, mas esta é a nossa vez de levá-la para trás e para frente no tempo e recontar a sua história.

Skyward Sword (Wii/Switch)

No jogo que marca o início da cronologia de The Legend of Zelda, conhecemos as origens da espada mais conhecida do mundo dos games, a Master Sword. E a história dessa famosa espada, antigamente chamada Goddness Sword, já nasce relacionada ao Temple of Time, ou pelo menos a uma estrutura análoga a esse templo em um passado remoto.

Localizada no Deserto de Lanayru, uma “versão primitiva”, por assim dizer, do Temple of Time, pode ser encontrada por Link em The Legend of Zelda: Skyward Sword ao viajar através da dungeon Lanayru Mining Facility (instalações de mineração Lanayru). Lá, Link encontra-se brevemente com Zelda até o momento em que Ghirahim aparece. Na ocasião, Zelda confia a Link a Goddess's Harp (harpa da deusa) e, com Impa, atravessa Gate of Time (portão do tempo), que é destruído por Impa ao entrar nele para evitar que Ghirahim os siga. Nesse momento, as personagens viajam para outro período no passado. A partir de então, Link precisará encontrar uma maneira de ativar o Gate of Time.




Não quero entrar em muitos detalhes para não revelar spoilers desnecessários da história, mas, depois de viajar para os Sealed Grounds, Link descobrirá a existência de um segundo Portal do Tempo. Na ocasião, o Templo Selado (Sealed Temple), lá encontrado, será futuramente a base para o Temple of Time dos jogos posteriores.

Vale observar que o Sealed Temple, assim como o clássico Temple of Time, está relacionado à possibilidade de viajar no tempo. Para acessá-lo, é preciso do poder da Goddness Sword (ou Master Sword), que, em Skyward Sword, deve antes ser purificada para que possa ser utilizada no templo.



Ocarina of Time (N64/3DS)

Muitos anos após os eventos de Skyward Sword, houve uma era caótica (Era of Chaos) com guerras e lutas pela Triforce, que estava localizada no Reino Sagrado (Sacred Realm). Para pôr fim a essas guerras, um antigo sábio chamado Rauru construiu, sob os restos do templo selado (Sealed Temple), um novo templo, o Temple of Time, que continha a única entrada para o Reino Sagrado.

Usando a Master Sword e as três pedras espirituais (Spiritual Stones) como chaves para o Sacred Realm, este novo templo era um portal sagrado entre o reino de Hyrule e o reino sagrado, e seu propósito não era outro senão proteger a passagem entre os dois reinos; assim, portanto, também protegendo a Triforce de ser acessada por algum malfeitor que a procurasse.

Dentro do Temple of Time, há uma câmara que abriga a Master Sword e seu pedestal (Pedestal of Time); entretanto, a entrada para esta câmara é selada pela Porta do Tempo (Door of Time). Desse modo, quando a Master Sword foi infundida no Pedestal do Tempo, ela selou aquele portal na esperança de impedir que todos, exceto os mais dignos, alcançassem o Sacred Realm, onde a sagrada Triforce poderia ser encontrada em um outro templo, o Temple of Light.

Essa construção é palco de algumas das cenas mais marcantes de The Legend of Zelda: Ocarina of Time (N64), com remasterização também para 3DS. Nesse título da série, logo no início do jogo, o templo encontra-se em Hyrule Castle Town, cidade que circunda o Castelo de Hyrule, onde mora a princesa Zelda, ainda em sua infância. Uma vez na cidade, uma de suas estreitas ruas levam o protagonista ao memorável Temple of Time.




Dentro do Temple of Time, há uma inscrição que diz como acessar os desígnios da construção. A pessoa precisa ter a posse de todas as três pedras espirituais, ficar com uma ocarina especial — a Ocarina of Time — e tocar a melodia da Song of Time. Neste contexto, diz-se que apenas o Herói do Tempo pode entrar nas câmaras secretas do Templo e sacar a Master Sword. Assim, se o Herói do Tempo retirar a espada de seu pedestal, ela abrirá mais uma vez o portal para o reino sagrado, concedendo acesso ao Temple of Light.

Como é de se esperar, o “Herói do Tempo” não é ninguém menos que Link, personagem controlado pelo jogador nesse e em todos os demais jogos da franquia. Durante a “Era do Herói do Tempo”, alguns anos após a Guerra Civil Hyruliana, o jovem Link — um órfão que cresceu na Floresta dos Kokiri (Kokiri Forest) — começa a coletar as três Pedras Espirituais localizadas nos povoados dos Kokiri, dos Goron e dos Zora para que possa entrar na câmara na qual a Master Sword reside.




Depois de coletar as três pedras e obter a Ocarina of Time da jovem princesa Zelda, que estava fugindo do Castelo de Hyrule com sua babá Impa, Link viaja para o Temple of Time para adquirir a Master Sword e entrar no Sacred Realm a fim de obter a Triforce antes que Ganondorf o faça. No entanto, seu espírito é inesperadamente selado por sete anos pela Master Sword, pois Link ainda não tinha idade suficiente para se tornar o Herói do Tempo. Assim, quando Link, sete anos depois, finalmente desperta dentro do Temple of Light, o antigo Sábio conhecido como Rauru explica-lhe a situação terrível em que se encontra o Reino de Hyrule.




Na sequência, o sábio Rauru dá para Link um medalhão de luz (Light Medallion) e o encarrega da tarefa de despertar os outros seis sábios para que, com todos os sete reunidos, seja possível selar Ganondorf dentro do Sacred Realm e salvar o Reino.

A fim de despertar todos os sábios, Link deve continuar retornando, de vez em quando, ao Temple of Time para usar o Pedestal of Time. Desse modo, podendo viajar para sete anos atrás, em sua época de juventude. Para facilitar o acesso ao templo durante o jogo, Link poderá utilizar a melodia de um prelúdio — o Prelude of Light — para retornar instantaneamente ao templo.

No final do jogo, após derrotar Ganondorf e ser enviado de volta no tempo sete anos, o jovem Link deixa a Master Sword no mesmo Pedestal of Time e continua a viver sua infância, agora com a certeza de que terá um novo futuro pela frente.



Twilight Princess (GC/Wii/Wii U)

Na Era do Crepúsculo, o Temple of Time entrou em decadência, tornando-se um amontoado de ruínas localizado em Faron Woods, uma área nas profundezas do Bosque Sagrado (Sacred Grove). Sua existência em The Legend of Zelda: Twilight Princess é, inclusive, conhecida por poucos, e simplesmente através de uma lenda sobre um antigo templo que estaria nas profundezas da floresta. Essa lenda era contada dentro de uma história maior, que visava explicar o início do reino de Hyrule.




Ao visitar o local, percebe-se que a única coisa que permanece intacta é o Pedestal of Time, o famoso pedestal onde ainda repousa a Master Sword. Quando Link coloca brevemente a Master Sword no Pedestal of Time do bosque, uma estátua que estava bloqueando uma porta próxima é imediatamente removida. Desde então, ao entrar por aquela porta, o herói poderia ser levado para o passado — cujo período é incerto —, permitindo-lhe explorar o templo antes que ruísse na Era do Crepúsculo. E, no passado, o Temple of Time é virtualmente idêntico a como ele é durante os eventos de Ocarina of Time, com exceção do altar.



Breath of the Wild (Wii U/Switch)

Ainda não se sabe ao certo como situar os eventos de The Legend of Zelda: Breath of the Wild (Switch) dentro da cronologia oficial da série. Mas, logo no início do jogo, qualquer um consegue reconhecer uma estrutura extremamente semelhante ao clássico Temple of Time. Essa estrutura está no grande planalto (Great Plateau), na parte central de Hyrule (Central Hyrule), bem próximo do Shrine of Resurrection, santuário onde Link acorda no começo do jogo, após sua soneca de 100 anos.




Tal estrutura, com traços nítidos de um templo, pode ser visto em uma condição extremamente degradada, com janelas perdidas e quebradas, telhado em ruínas e paredes desabadas. Seus escombros estão espalhados pelo interior do Templo, o qual foi invadido pela natureza, com grama, por exemplo, crescendo dentro da estrutura. Além disso, também pode-se ver uma estátua da deusa de Hyrule ainda intacta em seu interior.




Link é capaz de escalar esse Templo. Um Traveler's Bow pode ser encontrado dentro de um baú em uma pequena câmara lateral, localizada perto da entrada do templo. Um Soldier's Bow também pode ser encontrado no nível mais alto da torre, que só pode ser acessado escalando a estrutura do prédio.

Do lado de fora, uma extensa área de ruínas está situada em frente ao Templo. Muitos vestígios de um Guardião podem ser encontrados dentro das ruínas e fora do Templo, enquanto um grupo de Bokoblins habita a área. Um par de calças Hylian pode ser encontrado em um baú de metal dentro de uma dessas estruturas abandonadas.




Ainda no início do jogo, depois de receber Spirit Orbs dos santuários Ja Baij, Keh Namut, Oman Au e Owa, Daim, o Velho, se aproxima de Link e lhe diz para imaginar um X em um mapa com os quatro santuários como pontos finais. O templo em ruínas encontra-se justamente onde as linhas se cruzam, mais particularmente a torre mais alta do templo. Lá, o velho revelará sua verdadeira identidade, Rhoam Bosphoramus Hyrule, ex-rei de Hyrule. E só então Link saberá sobre a história da queda do reino, sobre Calamity Ganon, e que precisará, mais uma vez, derrotá-lo e salvar a princesa Zelda, filha do rei.




Mas qual a relação dessa estrutura com as antigas aparições do Temple of Time? Boa pergunta… Porém ainda sem resposta.

Há várias hipóteses de como encaixar Breath of the Wild na cronologia da série, muitas das quais apontam para que se passe na linha do tempo de The Wind Waker. Mas isso já é assunto para outra matéria. O fato é que, pelo desconhecimento de onde o jogo se encontra cronologicamente, é difícil até de saber ao certo se essa estrutura é de fato o mesmo Temple of Time de Ocarina of Time ou simplesmente uma réplica em ruínas daquele templo.

Caso seja realmente aquele mesmo local de Ocarina of Time, isso levanta muitas questões, como, por exemplo, do porquê de estar nesse local, com poucos indícios de outras construções próximas? E por qual razão o interior da estrutura estaria diferente, com uma estátua da deusa da mitologia da série? Essas e outras questões talvez venham a ser esclarecidas na sequência de Breath of the Wild ou, quem sabe, somente quando vir a público uma revisão da cronologia oficial de The Legend of Zelda.

Mas, e você? O que acha do templo de Great Plateau em Breath of the Wild? Seria ele o clássico Temple of Time, onde o herói do tempo avançou sete anos no futuro para derrotar Ganondorf? E o que achou dessa breve história do Temple of Time? Chegou a conhecer esse templo em algum dos jogos da série que você tenha jogado? Possui alguma memória especial a seu respeito? Compartilhe com a gente nos comentários! Ah, e continue acompanhando essa série do Atlas de Hyrule, ainda há vários locais bem legais para visitarmos nas próximas semanas.
E já que estamos falando da história e do futuro de The Legend of Zelda, aproveite ainda o momento de comemoração do 35º aniversário da série para conferir alguns de seus principais criadores, sua história e o que vem por aí.

O Atlas de Hyrule

Revisão: Vladimir Machado
Referências: Zelda Wiki
Capa: Leandro Alves

Doutorando em Filosofia que passa seu tempo livre com piano, livros, PC e portáteis. No Twitter, também é conhecido como Vivi. Interessa-se especialmente por narrativas de ficção científica, realismo mágico e alta fantasia política, e aprecia mecânicas de puzzle, stealth, estratégia e RPG. Seu histórico de análises pode ser conferido no OpenCritic e suas reflexões sobre RPG e game design encontram-se na SUPERJUMP (textos em inglês), bem como no Podcast do Vivi e em seu canal no YouTube.
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